Ao longo da história da humanidade, um sentimento se destaca com amarga persistência: a ingratidão. A sombra desse sentimento paira não apenas sobre laços familiares e amizades, mas também invade, às vezes sorrateiramente o ambiente de trabalho, por vezes acompanhada por atos de traição.
Uma arma de destruição da alma.
Se fossemos enumerar aqui todos os exemplos históricos onde tais sentimentos e atitudes se manifestaram, iríamos precisar de muitas laudas. E nesse momento em que a Inteligência Artificial vem sendo falada e discutida com debates acalorados, trago à luz um caso emblemático que revela como a ingratidão e a traição podem destruir uma alma, mesmo que esta tenha dedicado sua vida ao bem-estar da humanidade.
Alan Turing
Considerado uma das mentes mais brilhantes do século passado, Alan Turing desenvolveu a base da computação moderna e digo, sem medo de errar, deu o primeiro passo para colocar em prática a Inteligência Artificial. Hoje, essa tecnologia tem sido de muita valia para um série de coisas no nosso dia-a-dia, se bem que muitas das vezes, assim como acontece com qualquer tecnologia inovadora, pode também ser usada de forma incorreta e inadequada.
A Enigma
Essa máquina, inventada por Turing, foi fundamental para os Aliados darem um passo decisivo para a vitória sobre a Alemanha e seu exército nazista durante a 2ª Guerra Mundial, pois ela foi a arma usada para vencer um dos elementos crucial em qualquer conflito: a informação. No entanto, apesar de sua contribuição inestimável, Alan Turing foi desprezado, tratado como louco e vítima de preconceito, pois forças políticas e alguns “haters” da época o intimidaram e o ameaçaram devido à sua condição de homossexual. Parte da sua história foi contada no filme “O jogo da Imitação”. Quem conhece a história de Turing pode ver o quanto a ingratidão fez parte da vida dele. Tanto que ele chegou a ser condenado por atos homossexuais em público, coisa que, na verdade, mesmo sendo homossexual, ele não cometeu.
Reconhecimento e perdão, mesmo que tardio.
Mesmo que tardia, Alan Turing teve seu pedido de desculpas por parte do governo inglês. Em 2009, após uma campanha na internet, o primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown, fez um pedido de desculpas em público e oficial a Turing em nome do governo britânico pela maneira ingrata e desonrosa como o trataram. A rainha Elizabeth II concedeu a Turing um perdão póstumo em 2013. Por isso, tenho que concordar com Johann Goethe quando ele disse que: “A ingratidão é uma forma de fraqueza”, pois jamais poderá existir um homem ou uma mulher de valor que seja ingrato ou ingrata!
