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Agesul e Imasul liberaram carretas para utilizar estrada turística sem plano de manejo

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Em ofício ao MPMS, Imasul admite que plano de manejo não foi entregue ainda (Reprodução, MPMS)
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Desde fevereiro, a empresa utiliza trecho de 11 km da MS-450 e passa com tritrens abarrotados de eucaliptos diariamente

O uso da Estrada-Parque de Piraputanga, no transporte de eucalipto da Suzano com carretas gigantes, para a indústria economizar, foi liberado pelos dois órgãos estaduais que têm obrigação de preservar o desenvolvimento sustentável em Mato Grosso do Sul, antes mesmo da conclusão do plano de manejo da região.

Mesmo assim, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) dizem que não enxergam problemas e nem riscos na conversão da estrada, construída para ser uma atração ecoturística em corredor diário para trânsito de tritrens com até 74 toneladas de madeira.

Em nota, a Agesul defende a Suzano: “a empresa Suzano tem, em território sul-mato-grossense, o maior investimento privado em andamento no Brasil, e mantém uma operação reduzida nessa localidade, com velocidade controlada, frota limitada e já instalaram seis áreas de escape nesse trecho, em cumprimento a uma exigência da Agesul”.

No entanto, não há informações sobre eventuais estudos de impacto ambiental nem para o uso da rodovia estadual, nem para a construção das tais ‘áreas de escape’ no trecho da MS-450.

Segundo, a atividade de transporte foi licenciada/autorizada e o de transporte de eucalipto não é passível de licenciamento ambiental.

Moradores e empresários estranham liberação e temem impacto na rota ecoturística

Com licenciamento ou não, os moradores e empresários que exploram o ecoturismo na região temem os impactos negativos da ‘liberação’ para a Suzano usar a estrada como rota de escoamento da produção de eucalipto.

“Pegou a gente de surpresa e aí mudamos toda a abordagem, o diagnóstico e as tratativas que estávamos fazendo, neste nosso planejamento. E a situação lá está ruim mesmo. Usam estes 12 km para chegar na planta, lá em Ribas [do Rio Pardo]. E inclusive disseram que iam comunicar a comunidade”, explicou o profissional, que é biólogo.

Conforme o profissional, são ao todo três distritos afetados diretamente com os riscos de impacto causados pelo transporte de eucalipto no turismo e biodiversidade: Palmeiras, Piraputanga e Camisão.

“A empresa, nessas reuniões do Conselho, sempre estava com todas as autorizações possíveis, o que envolvia os órgãos ambientais também, então, enfim, a gente entende que é um problema sério, que vai durar três anos pelo menos e que vai ser ruim. Já está todo mundo reclamando, de lixo, de sujeira, de atropelamentos e do fim do sossego”, opinou.

A imposição da liberação para a Suzano transportar eucalipto na estrada construída com fins ecoturísticos causou racha no Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental da Estrada-Parque de Piraputanga.

(Reprodução e Edemir Rodrigues/Governo de MS)

O assunto veio à tona por meio da denúncia do SOS Pantanal, que deixou a cadeira no Conselho recentemente e demonstrou diversas preocupações com o aumento de tráfego de caminhões na região, porém, não houve mudanças significativa no processo de autorização da unidade de conservação.

Liberação para Suzano foca mais no ‘estado próspero’, do que no verde e sustentável

“Neste caso, estão focando mais no ‘próspero’, pelo menos para a indústria, do que no estado verde e sustentável”, comenta fazendeiro da região de Piraputanga que também teme os efeitos. “Devem destruir toda a estrada com estas verdadeiras composições de trem com carreta e largar tudo aí, pra gente sofrer”, desconfia.

Denúncia publicada pelo Jornal Midiamax detalha que o tráfego de 20 tritrens abarrotados de eucalipto, todos os dias na MS-450, poderia ser evitado. No entanto, prioriza a economia da indústria Suzano, em detrimento da sustentabilidade.

Ao menos é o que alegam ambientalistas que acompanham a situação que gerou até racha no Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Estrada-Parque Piraputanga.

Segundo os ambientalistas, trecho de 11 quilômetros da estrada, construída para uso contemplativo da natureza, está sendo ocupado pelos tritrens, carretas gigantes com três vagões ou semirreboques, por um período de no mínimo três anos. Cada carreta gigante tem capacidade para transportar até 74 toneladas de carga bruta.

“A fazenda onde fazem a retirada [de eucalipto] é a Lageado, que começa ali na Cipolândia, em Aquidauana e vai até Dois Irmãos do Buriti. Pega toda a extensão da Serra de Maracaju, então, lá possui uma saída por Terenos e outra por Dois Irmãos do Buriti. Aliás, antes até do local ser vendido para Suzano, escoavam pela Ponte do Grego e era para ser assim. Mas, depois bateram o pé e aos 45 do segundo tempo passaram a escoar pela Estrada-Parque porque a outra não tinha asfalto. O que eles querem é economizar tempo”, argumenta fazendeiro que vive na região.

Transporte de carvão e carros em alta velocidade na Estrada-Parque

Uma outra denúncia, encaminhada ao Jornal Midiamax, fala sobre o transporte de carvão e carros em alta velocidade, como um agravante que vinha ocorrendo na região.

“São todos estes impactos que a gente está observando, tanto na biodiversidade quanto na segurança da população, mas, tem outros, que é tirar a área excessiva de desmatamento, de florestas, em prol de fazer pequenos loteamentos, tem área de nascente que está fora dos limites do plano e é muito castigada em termos de ocupação. Por exemplo, não está cercadinha no entorno, do jeito que a gente queria que estivesse e o plano traz também nova perspectiva de como agir nessas áreas, recomendar programas de recuperação de área degradada, programa de recuperação de solo, programa de qualidade de água, tudo isto neste universo de cinco anos de planejamento”, afirmou.

Com a informação o Mídia Max.

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