Sérgio Carvalho, hoje encarcerado na Bélgica, perdeu sítio, empresa, imóveis urbanos e uma fazenda em Rio Verde de MT
Desde o ano de 1997, a Justiça Federal em Mato Grosso do Sul quis confiscar parte dos bens do ex-major da Polícia Militar, Sérgio Roberto Carvalho, por ele envolver-se em tráfico internacional de droga. Agora, depois de sete copas do mundo de futebol, enfim, o judiciário pôs a mão num pedaço da fortuna do ex-militar, hoje capturado num presídio da Bélgica.
Na decisão, que não cabe mais recurso, não aparece o valor dos bens tomados de Carvalho, apenas cita-os:
Na cidade de Rio Verde de Mato Grosso, o judiciário de MS confiscou um sítio de 50 hectares do traficante. Em Campo Grande, foram tirados de Carvalho três imóveis urbanos.
Também em Rio Verdade, Carvalho perdeu uma fazenda, a Cordilheira. O traficante também teve confiscado a empresa Rojam Petróleos Ltda e Major Transportes Ltda.
A denúncia que resultou no confisco dos bens de Carvalho foi movida pelo MPF (Ministério Público Federal). Em 1997, na então fazenda do ex-militar foi apreendido um avião com 237 quilos de cocaína dentro. Carvalho escapou, à epoca, do cerco policial.
Preso no estrangeiro
O ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) Sérgio Roberto de Carvalho, foi preso no fim de junho do ano passado em Budapeste, na Hungria.
Carvalho movimentou R$ 2,25 bilhões entre os anos de 2018 e 2020, com exportações de 45 toneladas de cocaína à Europa, conforme a Polícia Federal.
Após desaparecer de Campo Grande em 2016 e iniciar o processo de logística internacional para o tráfico de drogas, Carvalho foi inserido na lista da Interpol em 2018.
O megatraficante, que foi expulso da PMMS em março de 2018 e condenado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas, estava com um passaporte mexicano falso e era procurado pelas polícias do Brasil e da Europa.
Em nota, a Polícia Federal relatou que a prisão de Carvalho foi realizada em cooperação internacional com outras agências estrangeiras.
A prisão do ex-major foi realizada após investigações desenvolvidas no âmbito da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal em 2020, que culminou na expedição de mandados de prisão para Carvalho e outros investigados, bem como na apreensão de mais de R$ 500 milhões da organização criminosa da qual ele era líder.
Histórico
O ex-major ingressou na PM no fim da década de 1980 como comandante do Batalhão Militar de Amambai, situada na faixa de fronteira de MS com o Paraguai.
Na década de 1990, Carvalho já estava envolvido com atos ilícitos, como o contrabando de pneus. Anos depois, o ex-major foi pego contrabandeando uísque.
Em 1997, ele já transportava cocaína da Colômbia e da Bolívia até o interior de São Paulo. No mesmo ano, o ex-major foi transferido para a reserva remunerada da Polícia Militar de MS.
No ano seguinte, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de 237 quilos de cocaína.
Após um longo processo e perda de seu posto e patente, sua aposentadoria foi suspensa em 2010. No entanto, em 2016, conseguiu reaver na Justiça o benefício de R$ 9,5 mil mensais.
Em 2019, o narcotraficante foi novamente condenado, desta vez a 15 anos e três meses de prisão, por usar laranjas em empresas de fachada para movimentar R$ 60 milhões.
O ex-policial militar também foi condenado, em 2008, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas. No Brasil, o Porto de Paranaguá (PR) era o preferido da quadrilha de Carvalho para as remessas de drogas ao Velho Continente.
No território europeu, os integrantes da organização criminosa escolhiam com maior frequência o Porto de Antuérpia, na Bélgica, e depois o de Roterdã, na Holanda.
Em janeiro deste ano, o ex-major também passou a ser investigado, na Europa, por fraudar um atestado de óbito.
Neste ano, ele foi levado de Budepeste, Hungria, para Béligica, e lá deve ficar por um tempo até agora não definido.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.