Search
Picture of Informativo

Informativo

Rafael Tavares é condenado a 2 anos de prisão por incitar ódio contra gays e negros

Picture of Informativo

Informativo

Deputado Estadual do PRTB, Rafael Tavares.
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Deputado disse que haveria “limpeza étnica” se Bolsonaro ganhasse eleição, mas afirmou se tratar de “piada irônica”

O deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) foi condenado a 2 anos de 4 meses de prisão por crime de ódio contra negros, gays, japoneses e indígenas. A decisão é do juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande.

Nas redes sociais, Tavares disse que fez apenas uma piada irônica e afirmou que “o Brasil vive uma ditadura” e que está sendo perseguido por fazer oposição ao PT.

Primeiro acusado de crime de ódio na Justiça de Mato Grosso do Sul, o processo contra o Rafael Tavares foi aberto em 2019, por postagem feita em 2018, quando ainda era militante do então PSL e apoiador de Jair Bolsonaro, que estava em campanha para a presidência.

Conforme consta no processo, no dia 30 de setembro de 2018, por meio do seu perfil no Facebook, Tavares fez um comentário de cunho discriminatório em uma publicação que incitava a prática de atos violentos contra homossexuais, negros, japoneses e indígenas.

“Não vejo a hora de Bolsonaro vencer as eleições e eu comprar meu pedaço de caibro para começar os ataques. Ontem nas ruas de todo Brasil vi muitas famílias, mulheres e crianças destilando seus ódios pela rua, todos sedentos por apenas um pedacinho de caibro para começar a limpeza étnica que tanto sonhamos! Já montamos um grupo no WhatsApp vamos perseguir os gays, negros, os japoneses, os índios e não vai sobrar ninguém. Estou até pensando em deixar meu bigode de Hitler”, disse o deputado no Facebook.

Em sua defesa no processo, Tavares confirmou que fez a postagem, mas disse que se tratava de um comentário irônico tirado de contexto. Segundo ele, o comentário foi feito em resposta a uma publicação que dizia que as minorias seriam perseguidas caso Bolsonaro ganhasse as eleições.

Questionado se sabia que uma publicação desta natureza poderia incitar o ódio contra gays, negros, japoneses e indígenas, ele respondeu que não “imaginou que as pessoas fossem se sentir amedrontadas” e elas entenderiam que ele “estava ironizando o que se pregava na época”.

Na decisão, o juiz afirma que a mensagem publicada não tinha qualquer elemento que pudesse identificá-la como irônica ou sarcástica e que o deputado tinha ciência da situação de insegurança e medo acerca da possível perseguição de grupos citados na mensagem.

“Neste contexto, à luz do acervo probatório construído nos autos, o acusado, no mínimo, assumiu o risco de induzir as pessoas a praticarem discriminação ou preconceito étnico e racial, pois detinha a compreensão do ambiente de insegurança e animosidade política do país e, mesmo assim, publicou texto em rede social sem deixar claro que se tratava de mensagem ‘irônica'”, disse o magistrado.

O juiz disse ainda que a última frase, onde afirma que está pensando em deixar bigode de Hitler, mesmo em tom irônico, demonstra “repulsiva banalização aos horrores vivenciados por grupos perseguidos na Alemanha nazista” e que deve ser rechaçada em respeito as milhares de vítimas do holocausto e seus familiares.

Desta forma, Rafael Tavares foi condenado dois anos, quatro meses e 15 dias de prisão em regime aberto, que foi substituída por uma pena restritiva de direito, que consistirá em prestação de serviços a comunidades ou entidades públicas, sendo uma hora por dia durante os anos fixados inicialmente.

Além disso, foi fixada multa no valor correspondente a 20 salários mínimos.

O juiz cita ainda que a Justiça Eleitoral seja oficiada, para fins de suspensão dos direitos políticos durante o tempo em que perdurarem os efeitos da sentença condenatória transitada em julgado.

No entanto, a decisão é de primeiro grau e ainda cabe recurso.

Nas redes sociais, Tavares demonstrou não concordar com a decisão.

“Em menos de 1 semana o PT mandou a Polícia Federal fazer buscas na casa da minha assessora. O MPF pediu a cassação do meu mandato de deputado. Um juiz me condenou por crime de ódio por fazer piada irônica no Facebook. Vão fazer de tudo para me destruir, mas esse é o preço que vou pagar por mexer no vespeiro da fiscalização na Cassems, de bater de frente com as raposas do PSDB e por fazer oposição ferrenha ao PT. Vivemos uma ditadura no Brasil”, afirmou o deputado ao tomar conhecimento da sentença.

Com a informação o Correio do Estado.