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Centro de Campo Grande precisa de muito mais que obras para reviver

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Fechamento de comércios escancara problemas vividos no centro da Capital.
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Funcionamento do comércio em horários alternativos, oferta de atividades educacionais e culturais e entretenimento são sugestões

Em novembro de 2019, não apenas os comerciantes do centro de Campo Grande, mas boa parte da população da cidade, ficaram eufóricos com a revitalização da Rua 14 de Julho. A principal via comercial da cidade ficou novinha em folha, por um custo de R$ 60,4 milhões.

Quem viu toda a animação dos comerciantes há cinco anos e, eventualmente, saiu da cidade e nunca mais se informou sobre o que ocorreu na capital de Mato Grosso do Sul, se passar pelo Centro, verá uma situação pior que a de outrora: dezenas de estabelecimentos comerciais fechados, com placas de vende-se ou de aluga-se. 

O discurso dos comerciantes tem sido muito parecido: reclamações. Pudera, o movimento está baixo, e os moradores dos bairros vão cada vez menos ao centro da cidade.

Até mesmo quem trabalhava em bancos, escritórios e clínicas: ou estão trabalhando home office, ou estão em edifícios comerciais e residências adaptadas para o comércio no Jardim dos Estados, nos bairros Chácara Cachoeira e Santa Fé. 

O Correio do Estado procurou dois especialistas em urbanismo para comentar essa situação: o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), estudioso da cidade e um dos fundadores da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), e o engenheiro Fernando Madeira, especialista em urbanismo e um dos profissionais que mais se destaca em sua área. Ambos afirmam que, para remediar a situação atual do Centro, as soluções para a região terão de ir além das obras físicas. 

A infraestrutura foi renovado, mas o espírito, segundo os especialistas, não. 

“O uso do Centro precisa ser misturado hoje em dia. Ele não pode ser exclusivamente comercial”, analisa Ângelo Arruda. “Lá tem de existir habitação, educação noturna, atividades de informática, cursos, bares, restaurantes, diversão, entretenimento e cultura”, acrescenta.

“O uso do Centro precisa ser misturado hoje em dia. Ele não pode ser exclusivamente comercial”
– Ângelo Arruda, arquiteto e urbanista 

Fernando Madeira, ao ser perguntado sobre os motivos de o centro da cidade não ter revivido mesmo com uma obra física milionária, financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), respondeu com uma outra pergunta, em uma entrevista realizada por volta das 20h de uma terça-feira: “Mas o que tem para fazer no Centro neste horário?”.

A resposta é: praticamente nada. E esse, segundo ele, é o problema. 

“O centro de Campo Grande não oferece serviços, entretenimento e nem mesmo há comércio aberto à noite. Por isso a população busca outros locais”
– Fernando Madeira,, engenheiro e especialista em urbanismo

Madeira ressalta que sábado é o dia da semana em que o centro de Campo Grande mais tem movimento. O motivo? É o dia em que os trabalhadores têm tempo livre.

“As pessoas saem para consumir, para se divertir, para buscar entretenimento ou algum serviço durante o tempo livre. O Centro não funciona em horários alternativos”, complementa o engenheiro. 

Diferentemente de shoppings, hipermercados e até mesmo o comércio dos bairros, o centro de Campo Grande não tem um comércio noturno: recentemente, perdeu até os serviços. 

Ângelo Arruda vai na mesma linha. “A tradição do comércio central se dissolve com os grandes equipamentos, como shoppings, e com o comércio dos bairros, que tem vitalidade imensa. Vá às Moreninhas, ao Tiradentes, ao Nova Lima, ao Novos Estados. Agora, coloque-se no lugar destas pessoas. Por que eu entraria em um carro ou em um ônibus para comprar algo como um par de meias na Rua 14 de Julho?”, provoca.

Madeira concorda com Arruda, mas lembra que boa parte dos consumidores compra pela internet. As pessoas saem de casa em busca de diversão ou serviços ou porque precisam trabalhar. “O Centro precisa de cursos, de restaurantes e também da sociedade civil”, explica.

Soluções

Em entrevista publicada nesta edição, a prefeita Adriane Lopes informou que pretende pôr em prática várias iniciativas para dar mais vida ao centro de Campo Grande. 

Uma delas seria a implantação de um restaurante popular, em parceria com a Federação do Comércio de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS). Uma outra seria a transferência de uma das secretarias do município para aquela região. A oferta de serviços, segundo ela, aumentará a circulação de pessoas o Centro.

A construção de um residencial com 498 moradias, na Vila Planalto, também é esperança da prefeita para aumentar a circulação de pessoas na região, assim como um condomínio voltado exclusivamente para idosos, nas proximidades do Horto Florestal. 

A prefeita Adriane Lopes aposta também na retomada de apresentações culturais no fim de semana na região central.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.

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