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MS ficou em terceiro na corrida armamentista durante o governo Bolsonaro

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(Divulgação)
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Conforme estudo, 1.088 armas foram compradas para cada grupo de 100 mil habitantes entre os anos de 2019 e 2022

Em outubro do ano passado, 103.111 sul-mato-grossenses transformaram o advogado e palestrantes pró-armas Marcos Polon no deputado federal campeão de votos do Estado. E essa votação surpreendente certamente não foi algo isolado, mas resultado de um comportamento bastante difundido na sociedade local, que é a corrida armamentista. Prova disso é que Mato Grosso do Sul aparece em terceiro lugar num ranking dos estados onde mais se comprou armas nos últimos quatro anos, conforme dados publicados pelo site Metrópoles. 

Em MS, para cada grupo de 100 mil habitantes foram compradas 1.088 armas entre 2019 e 2022, o que significa em torno de 22 mil novas armas compradas oficialmente. O estado só fica atrás de Santa Cataria e Goiás, com 1.224 e 1.146 armas por 100 mil habitantes, respectivamente. 

Em quarto e quinto lugares estão o Rio Grande do Sul e Mato Grosso, mostrando que a compra de armas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ocorreu principalmente nas regiões Sul e Centro-Oeste. 

Na região Sul, foram 1.061 armas compradas e registradas nos últimos quatro anos. No Centro-Oeste, 1.034. Os números destas duas regiões estão muito acima das demais. Na região Norte foram 330; no Sudeste 297 e no Nordeste, 176.

Gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani explica que a Região Sul e estados mais rurais têm tradição de caça e histórico de altas taxas de posse de armas. 

“As taxas de Centro-Oeste e Norte me chamam muito a atenção. Já havia uma pista de que isso aconteceria, por causa da expansão acelerada de clubes de tiro, mesmo em cidades bem pequenas dessas regiões”, afirma Langeani.

Aumento de homicídios

Bruno Langeani, autor do livro “Arma de Fogo no Brasil: gatilho da violência”, ressalta que a Região Norte teve crescimento de homicídios em 2021, na contramão do restante do país.

Além disso, o especialista apontou que vários estados do Norte e Centro-Oeste, como Mato Grosso, Rondônia, Acre e Mato Grosso do Sul, apresentam alta no número de assassinatos. “Só a taxa de armas, sozinha, não é o único fator, mas dificulta o controle de homicídios”, destaca.

Mercado ilegal

Langeani acredita que parte do aumento nas regiões Norte e Centro-Oeste foi influenciado pela infiltração de grupos criminosos que recorrem a laranjas ou registram armas em nome próprio, no Exército. 

Membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o pesquisador Roberto Uchôa destaca que não se pode  “descartar que a conexão dos mercados de arma legal e ilegal se intensificou. Se antigamente o criminoso precisava de R$ 60 mil, R$ 70 mil para comprar um fuzil, ele passou a comprar esse fuzil por R$ 15 mil no mercado interno”, pontua.

Uchôa também alerta para as cerca de 6 mil armas de calibre restrito não recadastradas. Vale lembrar que, nos primeiros meses de mandato, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou o recadastramento das armas no sistema da Polícia Federal (PF), com o intuito de frear a facilitação para a compra de equipamento bélico por civis, durante a gestão de Bolsonaro.

“Há 6 mil armas de calibre restrito que ninguém sabe onde estão. E são justamente esses os equipamentos sobre os quais o país tinha de ter um maior controle, por serem de calibre restrito. Isso é muito preocupante”, pondera o pesquisador.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.

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