Estado deve anunciar novo plano de segurança e escolas particulares ampliam o controle de acesso
Após o atentado ocorrido em Blumenau (SC), onde quatro crianças foram vitimadas no ambiente escolar, Mato Grosso do Sul também entrou no radar das ocorrências. Ontem (5), a Polícia Civil frustrou um plano de ataque no IFMS de Coxim (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) e, na Capital, a Polícia Militar revistou os alunos da escola estadual Blanche dos Santos Pereira, após o anúncio de “um massacre”, que foi feito por meio de pichação, em um dos banheiros da escola.
Diante disso, o governo do Estado emitiu uma nota, informando que está preparando um pacote de ações para coibir violência e promover segurança
nas escolas da REE (Rede Estadual de Ensino). “Estamos buscando um ambiente cada vez mais seguro para os nossos alunos e professores”, afirmou o governador Eduardo Riedel, que determinou às secretarias em questão um trabalho contínuo na busca por melhorias e soluções que garantam a proteção dos alunos e funcionários nas escolas, bem como no entorno.
Por sua vez, o IFMS de Coxim emitiu uma nota, reforçando quais medidas legais teriam sido adotados pelo instituto. “Aprimeira medida adotada pelo campus foi o afastamento preventivo de tais estudantes da rotina escolar, que passaram a cumprir atividades letivas em regime de exercício domiciliar. A próxima ação institucional será a instauração de Comissão Disciplinar Discente, concomitantemente à investigação que já está sendo realizada no âmbito da Polícia Civil”, diz a nota.
Contudo, a preocupação com os ataques e ameaçadas atingiu também a rede particular de ensino. Muitos pais aflitos começaram a compartilhar, no WhatsApp, as mensagens de reforço no esquema de segurança das escolas, principalmente no acesso à entrada e saída dos estudantes.
A direção do colégio Funlec, unidade Raul Sans de Matos, disse que uma reunião foi agendada para hoje (6), com toda a diretoria da Fundação Lowtons de Educação e Cultura.
Além disso, a unidade comunicou, aos pais ou responsáveis, que: “Para a segurança de todos, devido aos acontecimentos, manteremos o portão de entrada da Ed. Infantil fechado. Será aberto somente com a presença dos senhores, dentro do nosso horário programado”.
O mesmo correu no colégio Vida Feliz. “Diante das últimas notícias sobre ataques a escolas no Brasil, informamos que estamos reforçando, com nossa equipe, os procedimentos de entrada e saída.
Também, estamos em processo de contratação de um segurança para a área externa, a fim de inibir a aproximação e acesso de estranhos nas áreas internas”, disse o comunicado, enviado aos pais.
Ações já existentes
Na Rede Estadual de Ensino existe, desde 2022, o Nuppae (Núcleo de Pesquisa e Prevenção de Acidentes nas Escolas), que atua em 22 escolas de seis municípios, com orientações, treinamentos, formações e palestras nas unidades, envolvendo mais de 1 mil profissionais.
O núcleo trabalha em parceria com o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de MS).
A fim de ter uma resposta efetiva, em situações que envolvam a entrada de pessoas estranhas no ambiente escolar e ocorrências que possam resultar em risco para estudantes e servidores. Ainda no mês de abril, chegará a 290 o número de escolas da REE monitoradas em tempo real, por meio de câmeras e sistema eletrônico de vigilância.
Além disso, a Polícia Militar mantém o programa “Escola Segura, Família Forte”, que atende a 128 escolas da REE e da Reme (Rede Municipal de Ensino) de Campo Grande, com tempo de resposta entre 5 e 10 minutos. Cerca de 120 funcionários ficam à disposição para deslocamento – com uso de motos ou carros. Cabe destacar também a Ronda Escolar, presente em 78 escolas estaduais e 55 municipais, com previsão de expansão para beneficiar aproximadamente 100 mil alunos, dos ensinos fundamental e médio da Capital.
Especialista fala sobre as responsabilidades dos pais, da escola e do poder público
Ao jornal O Estado, a neuropsicopedagoga Karine Fortini destacou que toda a sociedade precisa refletir sobre esta problemática que, infelizmente, tem ceifado vidas pelo Brasil.
Segundo ela, existe uma falta de políticas públicas e que as instituições de ensino estão desamparadas, neste quesito.
“Cada vez que acontece uma ameaça, um ataque como este, isso abala o país inteiro e especialmente nós, que somos da educação. Acredito que as instituições de ensino têm ficado sozinhas, nesse sentido. Falta estrutura, apoio e políticas públicas no que tange a não deixar as escolas desamparadas. Infelizmente, é isso que tem acontecido”, observou a especialista.
Sobre os possíveis motivos que levariam a ações de massacres e ameaças, a profissional afirmou que estão ligados à área emocional. “A
parte emocional, infelizmente, tem sido negligenciada, especialmente pelas famílias. Muitas famílias têm transferido toda a responsabilidade para as escolas. Esta área, do socioemocional não é algo que pode ser delegado à escola. As famílias precisam estar envolvidas no processo”, defendeu Fortini.
Por fim, a neuropsicopedagoga apontou que as escolas já têm feito um trabalho voltado à criança e ao adolescente. “Na escola, eles recebem toda a orientação e é feito um trabalho na parte socioemocional. Só que os alunos precisam ter esse suporte em casa, também. Muitas vezes, nossos adolescentes, nossa criança não tem encontrado isso e encontram-se sozinhas para lidar com problemas, com ameaças que têm acontecido mais frequentemente”, finalizou.
*A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Semed (Secretaria Municipal de Educação), não respondeu aos questionamentos, até o fechamento desta edição.
Conteúdo retirado do O Estado.