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Comorbidades ampliam risco de dengue grave e recuperação mais lenta

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Foto: Valentin Manieri/Jornal O Estado MS
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Cenário causa preocupação por estar no terceiro mês consecutivo com dados acima do limiar epidêmico

Com o aumento de casos de dengue no Estado, infectologistas alertam para o cuidado redobrado de pessoas com comorbidades. Nestes casos, a dengue pode agravar o quadro clínico e ainda aumentar o tempo médio de recuperação, que normalmente é de sete dias. Cabe relembrar que a última epidemia, em Mato Grosso do Sul, ocorreu em 2020, mas Campo Grande, Bodoquena e Alcinópolis já comunicaram, neste ano, “situação de epidemia”, o que acende o alerta para um possível decreto de epidemia de dengue. 

Ao jornal O Estado, o enfermeiro infectologista Everton Lemos, esclareceu que, diante do nosso cenário atual, quanto maior o número de casos, maiores são as possibilidades destes terem gravidade. “A fase crítica pode apresentar sinais de alarme ou gravidade, com sangramentos e até mesmo óbito. Qualquer sinal de alerta de gravidade, o paciente precisa procurar os serviços de saúde para o manejo adequado da doença. A dengue precisa ser identificada e monitorada, para eventual sinal de alarme, assim reduzindo as chances de gravidade e óbito”, reforçou o especialista. 

Já o médico infectologista da Unimed, Maurício Pompilio, ponderou que ainda é cedo para determinar se, atualmente, temos casos mais graves do que nos anos anteriores. “Ainda não dá pra falar que, proporcionalmente, estamos com casos mais graves, comparados ao ano passado. Mas, o fato de termos dois vírus circulantes em Mato Grosso do Sul, que são o da dengue um e da dengue dois. Pode favorecer, sim, um aumento de casos mais graves”, avaliou. 

Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que “com o aumento dos casos notificados de dengue em Campo Grande, o município estuda a possibilidade de publicar um decreto de epidemia provocada pela doença, contudo, ainda não há previsão para que seja publicado”. 

Relembramos que, conforme divulgado na edição anterior, do jornal O Estado, o secretário municipal de saúde Sandro Benites, emitiu, na última quarta- -feira (29), o alerta da situação de epidemia de dengue, em Campo Grande. A cidade está desde o mês de janeiro com dados acima do linear de controle da doença e, com isso, foi necessário a emissão de alerta. 

A diretora de vigilância da Sesau, Veruska Lahdo, explicou que a capital vive um surto de dengue há, pelo menos, três meses e que agora passou a ser epidemia porque, estatisticamente, passou o limiar epidêmico. 

“O limiar epidêmico é uma média que a gente faz ao longo dos anos, dos casos de dengue que já tivemos. Quando a gente passa desse limiar, por exemplo, em janeiro, nosso limiar indicava que até 1.040 casos estávamos sem risco de epidemia, passando estatisticamente, a gente já estaria em epidemia. Então, a gente passou duzentos casos em janeiro, um pouco mais de 1.500 em fevereiro e agora, em março, já está com 1.600 casos notificados. Então, passamos do limiar. Essa passagem de limiar é o que indica a situação, em termos de número de epidemia”, disse. 

Ela destacou, ainda, que esse alerta serve para informar a população, para que seja tomado mais cuidado, em relação àquelas ações básicas de prevenção à dengue, que seriam não deixar água parada, utilizar repelentes e, principalmente, ao primeiro sintoma de dengue, procurar uma unidade de saúde e em hipótese alguma se automedicar. 

“A dengue geralmente começa com febre, dor no fundo do olho, uma dor de cabeça persistente, dor no corpo, então o ideal é que a pessoa procure, de forma imediata, a atenção médica, pois a gente não sabe como a doença, o vírus se comporta dentro do organismo de cada pessoa e somente por meio de consulta médica para saber se é dengue, se é zika ou chikungunya. Na unidade de saúde vai ser feito a coleta de sangue, para ver o estado geral do paciente. Caso a pessoa esteja no período correto para a coleta de sorologia, para tentar descobrir qual é o vírus, pois só da dengue há quatro vírus diferentes. A pessoa é orientada a voltar outro dia, para fazer a sorologia. Os exames normais, de sangue, são feitos para poder ver a situação geral do paciente e para o médico também poder fazer as orientações de hidratação, se vai ser necessário ficar na unidade, para o uso de medicação e hidratação, que é o principal item para a recuperação do paciente”, informou Veruska. 

Na Capital, só em 2023, mais de dois mil casos de dengue já foram confirmados e 4 mil seguem em investigação. No boletim municipal de janeiro a dezembro de 2022, foram registrados 8.321 casos confirmados e 7 óbitos. Além de 73 casos notificados de zika, sendo 1 confirmado, 194 notificados e 30 confirmados, de chikungunya. 

Em todo o Estado, segundo o último boletim epidemiológico, emitido pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), o número de casos prováveis da doença, em Mato Grosso do Sul, subiu 20,5%, nos últimos dois dias. Os dados passaram de 16.723 casos para 20.154, nesta na última quarta-feira (29).

 Sintomas e cuidados 

Conversamos, ainda, com a médica infectologista e coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do Hospital Unimed Campo Grande, Dra. Haydée Marina do Valle, para saber sobre a gravidade e sintomas da doença. Ela destaca que os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, dor muscular e dor atrás dos olhos. Em casos mais graves, o paciente pode apresentar dor abdominal, vômitos, tontura e hipotensão. 

“É importante que o paciente esteja atento aos sintomas e procure um médico, caso apresente quadro de febre associado a mais um dos sintomas citados. Após o diagnóstico de dengue, a recomendação inicial é que o paciente fique bem hidratado e o tratamento é feito com soro de reidratação oral e líquidos, conforme o peso do paciente, além de medicação, prescrita pelo médico, se necessário”, explica. 

Quanto ao tempo de recuperação da doença, após ser diagnosticada, o paciente precisa voltar à unidade de saúde, para o monitoramento dos exames de sangue e o período de repouso e tratamento pode ser de sete a dez dias, em casos de dengue. Em casos de chikungunya, o tempo para recuperação pode ser um pouco maior, pela agressividade da doença em relação às dores nos ossos e músculos.

Conteúdo retirado do O Estado.

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