Helkis Clark dava senha ao filho para que ele acessasse informações tidas na esfera judicial como confidencias e sigilosas
Mato Grosso do Sul denunciou o defensor público há quase 20 anos Helkis Clark Ghizzi, 57, o filho dele, o advogado Bruno Ghizzi, 31 e também o ex-assessor da Defensoria de MS, o advogado Jesuel Marques Ramires Júnior, 37.
Helkis Clark, sustenta a denúncia, usava o gabinete da Defensoria como escora do escritório de advocacia do filho, que defendia causas de integrantes do PCC, organização criminosa que planeja, inclusive atentados contra autoridades. O advogado, segundo apurou o Gaeco, ia no gabinete do pai e, lá, cuidava de processos que tocava.
Ele tinha acesso a dados do defensor, senha , por exemplo, que deveria ser dominada somente por servidores autorizados e, com isso, acessava informações sigilosas de processos judiciais.
Na denúncia fichada da 6ª Vara Criminal de Campo Grande na sexta-feira passada (24), o Gaeco denunciou o trio por falsidade ideológica, obstrução à Justiça, divulgação de segredo de justiça, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional e também por crime ligado à advocacia administrativa e concurso material.
O trio é investigado desde março do ano passado, mês que o Gaeco deflagrou a Curriê (serviço de entrega expressa), operação que pôs na cadeia o advogado, filho do defensor.
Já o defensor, afastado do cargo desde o início deste mês de março, foi preso no dia 14, data que o Gaeco detonou a operação Maítre (Mestre).
Ainda de acordo com a investigação, Helkis, que já recebeu a chamada Medalha do Mérito Advocatício da Assembleia Legislativa de MS, era tratado como “Mestre” por outros integrantes da quadrilha em diálogos por meio de telefonemas e Whatsapp.
O filho do defensor, o advogado Bruno Ghizzi, também era abordado como uma espécie de mandachuva por outros colegas de profissão que sabiam que tinha informações privilegiadas, conforme consta na denúncia do Gaeco.
“Para o desempenho das atividades privadas do escritório Ghizziadvocacia, o que, somado aos demais episódios de corrupção descritos nas outras denúncias oferecidas em decorrência da Operação Courrier, outorgou-lhe, perante os integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o título de ‘PAPA DA EXECUÇÃO PENAL’”.
Também conforme a denúncia do Gaeco:
“Da mesma forma, para aparelhar Gruno Ghizzi na advocacia e nas atividades exercidas em favor da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), durante as investigações foi verificado que JESUEL MARQUES RAMIRES JUNIOR [ex-assessor da Defensoria Pública, já afastado], sempre que solicitado, prestava informações sigilosas constantes do SIGO e do CADSUS, as quais eram fornecidas por este tanto mediante pesquisas com credenciais próprias como com o uso de credenciais do Defensor Público HELKIS CLARK GHIZZI (‘MESTRE’)”.
Pela denúncia do Gaeco, o defensor pode perder o cargo, além de ser condenado e preso.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.