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Atendimento de pacientes cardiovasculares quase triplica na Santa Casa em quatro anos

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Em todo o ano passado, 2.829 pacientes foram atendidos no pronto-socorro da Santa Casa - ASCOM/Santa Casa de campo grande
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O número de atendimentos no pronto-socorro teve um salto de 162,91% e passou de 1.076 em 2019 para 2.829 em 2022

Referência no atendimento de vítimas de trauma em Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande passou por uma mudança de perfil e, nos últimos quatro anos, quase triplicou o número de assistência a pacientes com diagnóstico de doenças cardiovasculares, com um salto de 162,91%. 

Conforme dados da instituição obtidos pelo Correio do Estado, no período pré-pandemia de Covid-19, entre os meses de janeiro e dezembro de 2019, 1.076 pacientes com doenças cardiovasculares deram entrada no pronto-socorro da Santa Casa de Campo Grande. 

Nesse mesmo recorte, entre os meses de janeiro e dezembro de 2022, o número de atendimentos no pronto-socorro saltou para 2.829 pacientes com diagnóstico ou em investigação de doenças cardiovasculares, entre elas, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, choque cardíaco, síncope e angina.

Coordenador médico do pronto-socorro da Santa Casa de Campo Grande, Marcos Bonilha destacou que, a partir de um levantamento da instituição em junho do ano passado, foi possível constatar uma demanda muito grande de pacientes cardiovasculares na área vermelha do pronto-socorro. 

“A Santa Casa sempre foi conhecida por atender mais os pacientes politraumatizados. Para nós, foi uma surpresa quando nos deparamos com a informação de que grande parte do pronto-socorro, possivelmente 90%, trata-se de paciente com doença coronariana, são pessoas que vêm para cá infartados ou com dor torácica para investigação de infarto”, destacou o coordenador. 

Bonilha salientou ainda que outro ponto que chama atenção na mudança de perfil no pronto-socorro é a rotatividade dos pacientes cardiológicos. 

“São pacientes geralmente mais jovens, tratados imediatamente e que têm uma resolutividade muito boa dentro do hospital. Poucos deles evoluem com complicações e grande parte vai embora para casa em torno de 72 horas”, afirmou Marcos. 

TERAPIA INTENSIVA

Marcos Bonilha explicou que a Unidade Coronariana Intensiva (UCO) tem um fluxo rotativo muito alto, no qual os pacientes que vão para o cateterismo vão embora geralmente em até 72 horas. 

“Nos chama atenção esse perfil, em que há uma grande demanda na UCO e a possibilidade de tratar esses pacientes e eles irem embora saudáveis dentro de, normalmente, três dias. Em relação à mortalidade, temos baixos índices aqui dentro do hospital”, ressaltou o coordenador do pronto-socorro da Santa Casa. 

O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed), Marcelo Santana, reiterou que, de forma geral, é possível notar uma diminuição de pacientes de trauma nos Centros de Terapia Intensiva (CTIs). 

“Temos de levar em consideração, em geral, os CTIs. Hoje temos uma população idosa muito presente, e obviamente as doenças cardíacas são grandes responsáveis por complicações que levam às internações no Centro de Terapia Intensiva”, destacou Santana. 

AUMENTO DOS CASOS

Segundo o coordenador médico do pronto-socorro da Santa Casa de Campo Grande, Marcos Bonilha, diversos fatores podem ter contribuído para o aumento de atendimento dos pacientes cardiovasculares na instituição nos últimos quatro anos, inclusive por falta de estrutura em outros hospitais da Capital. 

“Temos o próprio fator epidemiológico, também absorvemos pacientes porque a máquina do aparelho de hemodinâmica do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul quebrou, além da falta de contraste, que limitou os atendimentos no Hospital Universitário [Humap-UFMS]”, disse Bonilha. 

Conforme Marcos, a pandemia de Covid-19 também pode ser um fator que contribuiu para a mudança no perfil de atendimento no pronto-socorro da instituição. 

“Depois da Covid-19, tivemos um maior número de tromboses acontecendo. Uma das coisas que são registradas na ala coronária quando o paciente está com infarto é a trombose coronariana. Então, talvez seja porque as pessoas, durante o período de pandemia, se cuidavam muito pouco, foram ao médico muito pouco e deixaram de fazer prevenção, isso obviamente resultou no crescimento das doenças”, frisou Bonilha. 

DESAFIOS

Ao Correio do Estado, o cardiologista e diretor de Comunicação da Sociedade de Cardiologia de Mato Grosso do Sul, Gabriel Doreto Rodrigues, salientou que o principal desafio é reduzir óbitos e sequelas das doenças cardiovasculares. 

Conforme o especialista, esse grupo de doenças abrange o infarto cardíaco, o acidente vascular cerebral (AVC) e outras doenças da circulação. 

“As doenças cardiovasculares são a maior causa de óbitos em nosso país. Causam o dobro de mortes que aquelas decorrentes de todos os tipos de câncer juntos. Estima-se que aconteça um óbito por doença cardiovascular a cada 90 segundos no Brasil”, destacou Gabriel. 

O cardiologista explicou que os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são divididos em duas categorias: modificáveis e não modificáveis.

Entre os modificáveis estão hipertensão, hipercolesterolemia, tabagismo, estresse/ansiedade, diabetes, obesidade, sedentarismo, apneia do sono. Os não modificáveis incluem idade e predisposição genética. 

O cardiologista ressalta que a melhor forma de prevenção é cultivar hábitos saudáveis, como atividade física aeróbica na maior parte dos dias e alimentação com saladas, fibras, proteínas, ingestão de peixes, pouca gordura e sem excesso de carboidratos. 

“É importante que as pessoas tenham ainda uma boa rotina de sono e evitem o tabagismo. As avaliações médicas periódicas e os exames cardiológicos permitem também diagnósticos precoces e o controle de doenças, evitando complicações mais graves”, afirmou.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.