Imunização está suspensa em todas as unidades de saúde por tempo indeterminado
No mesmo dia em que o Ministério da Saúde lançou oficialmente a campanha nacional de vacinação, a greve deflagrada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem de Campo Grande (Sinte/PMCG) paralisou a imunização, incluindo a contra Covid-19, em toda a Capital.
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Jockey Club a equipe informou ao Correio do Estado que no período da manhã, antes das 10h00, horário em que a greve iniciou, muitas pessoas conseguiram se vacinar contra a Covid-19.
Por outro, muitos que chegaram à unidade atrás do imunizante se depararam com a paralisação do serviço e tiveram que dar meia-volta.
Diele Raiane de Oliveira, de 23 anos, é uma das pessoas que foi à UBS, mas acabou surpreendida pela paralisação do setor da enfermagem.
“Vim para receber a 4ª dose e não estava sabendo [da greve]. É complicado porque a gente vem achando que vai tomar a dose e não tem”, afirmou.
A greve impactou os serviços de enfermagem em todas as outras unidades de saúde, que suspenderam, além da vacinação, a triagem para pacientes, curativos, aplicação de medicações e outros atendimentos que dependem de enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) o atendimento também foi comprometido. Na UPA Drº Carlos Vinicius Pistóia de Oliveira, Jardim Leblon, o saguão de espera estava lotado, com pacientes relatando que a fila durava pelo menos três horas.
Ainda de acordo com os pacientes, por falta de enfermeiros, ninguém está passando pela triagem ou classificação de risco, e indo direto para a consulta com o médico.
A reportagem ainda foi à Unidade de Pronto Atendimento “Drª Aparecida Gonçalves Saraiva”, no bairro Universitário, e a situação era semelhante, com demora no atendimento médico e sem serviços de triagem ou classificação de risco.
Em todas as unidades visitadas havia avisos informando sobre a greve e a suspensão dos serviços estavam afixados na porta de entrada. Além disso, na UPA do Jardim Leblon, havia um cartaz em frente à unidade afirmando que a culpa da paralisação é da prefeita Adriane Lopes.
“A culpa é da prefeita, não é do trabalhador. Enfermagem em greve”, dizia o banner.
Ao Correio do Estado, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que a vacinação seguirá suspensa até que a pasta encontre soluções para dar prosseguimento ao serviço para a população.
PREFEITURA FAZ INVESTIDA CONTRA GREVE
Na tarde desta segunda-feira (27), poucas horas após a deflagração da greve, a prefeita da Capital ingressou com uma ação no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul para barrar o movimento grevista.
No processo, a prefeitura afirma que a greve não é legal porque o Executivo já teria apresentado respostas para o que está sendo reivindicado, ou seja, a prefeitura já se posicionou sobre o adicional de insalubridade e plano de carreira; essas são as duas principais motivações do movimento.
A prefeitura também afirma que está pedindo o fim da greve para que não haja prejuízos ao atendimento da população, já que a saúde se trata de um serviço essencial, especialmente para urgência e emergência.
Com isso, solicita ao judiciário que haja o restabelecimento dos serviços, “certos de que a população mais vulnerável e necessitada é que ficará prejudicada e ficará sem acesso mínimo a seus direitos constitucionais à saúde e dignidade”.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.