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Greve dos médicos leva pacientes com câncer a pagar pelo tratamento

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Os médicos do Hospital do Câncer Alfredo Abrão decretaram greve pela falta do cumprimento integral de regularização dos pagamentos - Gerson Oliveira
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Tratamentos de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia já em andamento continuam no HCAA

A greve dos médicos do Hospital do Câncer Alfredo Abrão (HCAA), iniciada na quarta-feira, já leva pacientes a pagarem por exames e medicamentos.

Diagnosticada com câncer de mama, Laudiceia Melgarejo, 48 anos, salientou ao Correio do Estado que a falta de repasses à unidade denunciada pelo corpo clínico da instituição já impactam nos tratamentos.

“Tem um exame que preciso fazer em maio e, infelizmente, não estamos conseguindo agendar no hospital, vou ter de pagar no laboratório particular de alguma forma”, afirmou Melgarejo.

Pelo câncer ser uma doença de emergência, em que não há tempo a perder, Laudiceia destaca que os impasses entre a instituição e o poder público precisam ser solucionados o quanto antes. 

Ela afirmou que pessoas que estão entrando agora no HCAA para tratamento não estão conseguindo agendar uma consulta com os médicos e que há casos em que, pela falta de pagamento, pacientes não conseguem retirar os exames já feitos.

“Há colegas meus que estão com exames atrasados que têm até biópsia sem entregar por falta de pagamento e não estão conseguindo dar continuidade no tratamento. O câncer é uma doença que não espera, não tem como aguardarmos 30 dias para pegarmos um resultado do exame, é uma situação muito difícil”, disse Melgarejo.

Para Eliza Montes, 39 anos, os problemas financeiros enfrentados pelo Hospital do Câncer não são uma situação isolada. “A gente percebe que existe a falta de medicamentos, eu que faço tratamento aqui, percebo que neste ano as dificuldades estão maiores”, afirmou.

Montes, que hoje realiza tratamento contra um câncer de mama em estágio avançado, destacou que, apesar do atendimento de qualidade que recebe no HCAA desde o ano passado, a greve causa preocupação. 

“Ninguém toma nenhuma atitude, está sendo muito difícil e já sentimos o reflexo dessa greve. Eu sou paciente oncológica crônica, preciso dos medicamentos a cada três semanas. Se não fosse pelo Sistema Único de Saúde [SUS], eu não conseguiria tratamento”, disse Eliza.

Hudson Cruz de Oliveira, 30 anos, afirmou à reportagem que ele teme que os medicamentos para o seu tratamento faltem novamente. Desde 2020, ele faz acompanhamento no HCAA para o tratamento de vários nódulos no corpo. 

“Isso já aconteceu na minha primeira quimioterapia. Não sei se é por isso que os meus nódulos voltaram, mas a greve é algo que pode influenciar bastante no tratamento”, afirmou. 

GREVE

Conforme documento enviado à diretoria do HCAA, os médicos decretaram greve pela falta do cumprimento integral de regularização dos pagamentos e dos vínculos e contratos dos integrantes do corpo clínico.

Os profissionais pedem ainda pela regularização dos serviços de patologia e exames de imagens (ressonância magnética e cintilografia óssea), essenciais aos diagnósticos e segmentos de tratamentos.

Os médicos haviam anunciado a greve no dia 18 de janeiro deste ano, movimentação adiada por 30 dias.

Em nota, o hospital destacou que, a partir da decisão, serão realizados somente os atendimentos de urgência e emergência no Pronto Atendimento do HCAA (PAM), as cirurgias de urgências e emergências, atendimentos em unidades de terapia intensiva (UTI) e os tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia já em andamento.

Entre as justificativas para a greve, o HCAA destacou que “há um enorme deficit financeiro com necessidade de incremento de custeio de R$ 770 mil mensais, cujo estudo de revisão foi apresentado para as autoridades públicas da saúde tanto da prefeitura como do governo do Estado em janeiro e até o momento não foi atualizado”.

Instituição filantrópica, o Hospital do Câncer atende 99% dos pacientes oriundos do SUS com os tratamentos totalmente gratuitos e realiza 70% dos atendimentos oncológicos públicos de todo o Estado de Mato Grosso do Sul.

LINHA DE FRENTE

Ao Correio do Estado, o diretor-clínico do Hospital do Câncer Alfredo Abrão, João Paulo Vendas Villalba, destacou que, em decorrência da situação financeira, não é mais possível oferecer um tratamento de qualidade aos pacientes.

“Não conseguimos fornecer tratamento correto aos pacientes do jeito que está. Chegamos em um ponto que está faltando muito medicamento e não conseguimos dar andamento nos atendimentos enquanto algo não for feito”, afirmou.

Villalba reiterou que enquanto não forem ajustados os serviços essenciais de exames, medicamentos e procedimentos “é melhor que os pacientes sejam atendidos em outros serviços, onde eles consigam de fato colocar o paciente para ser tratado adequadamente”, finalizou. 

PREFEITURA

A secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), Rosana Leite de Melo, afirmou ao Correio do Estado que todos os repasses municipais ao Hospital do Câncer estão em dia.

Melo explicou que o município como gestor proporciona o atendimento mediante as contratualizações com os hospitais.

“Os nossos repasses estão em dia. E se eventualmente teve um momento que problemas foram notados, eles [HCAA] tinham de vir e conversar conosco, nos mostrar o que está acontecendo. E aí nós faríamos uma reunião com o Estado, que é responsável também pela alta complexidade para subsidiar o que eles nos apresentarem. Mas, por ora, essa conversa ainda não existiu conosco”, disse Rosana. 

Conteúdo retirado do Correio do Estado.

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