Apesar de polícia ter alegado esforço em procurá-lo, PM reformado entregou-se três dias após o crime; arma utilizada ainda não foi localizada
Passadas mais de 72 horas, três dias do assassinato do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, morto à tiros em meio a uma audiência no Procon Estadual na última segunda-feira (13), a policia segue às buscas da arma utilizada pelo tenente reformado da Polícia Militar, José Roberto de Souza, autor do crime ocorrido no início da semana.
Mesmo em meio às buscas, a prisão preventiva de José Roberto de Souza só foi concluída após o policial reformado se apresentar à 1ª Delegacia Policial de Campo Grande. Ele segue no presídio militar.
De acordo com o delegado lotado na repartição, Antônio Souza Ribas Júnior (foto), responsável pelo caso, o crime ocorreu após uma discussão entre ambos durante uma audiência de conciliação no Procon estadual, realizada por volta das 7h40 da manhã da última segunda.
Entre as justificativas principais, o policial reformado assumiu o crime e confessou que efetuou os disparos em função de uma disputa que tinha com Caetano.
“Executamos o mandado de prisão e ele já foi interrogado. Confessou que efetuou os disparos tendo em vista a disputa que ele tinha com a vítima relacionada com esse procedimento no Procon, que iniciou com problemas na oficina mecânica da vítima”, pontuou o delegado.
A prisão foi deferida pelo poder judiciário e contou com o parecer do Poder Público.
Segundo a polícia, José Roberto de Souza alegou que a vítima (Caetano) vinha desde o fim do ano passado o “destratando, tratando de uma forma desrespeitosa”. O caso então evoluiu para um audiência de conciliação entre as partes, iniciada na última sexta-feira (11). Sem acordo, ambos se encaminharam novamente para a sede do Procon na segunda, data do crime.
“Na última sexta tiveram uma primeira audiência, não foi resolvido, e ambas as partes retornaram ao Procon no primeiro horário da segunda-feira, em que a vítima levaria um parecer, nota fiscal com todos os custos e serviços, momentos em que o autor então pagaria os R$ 630 da troca de óleo do veículo”, destacou Antônio Souza Ribas Júnior.
Segundo a polícia, o problema estava em torno da nota fiscal e de todo o serviço que teria sido realizado por Caetano, que, contando com a troca de óleo, totalizava aproximadamente R$ 30 mil. Segundo o autor dos disparos, o valor que a vítima teria colocado na nota seria um, entretanto, a quantia na nota deveria ser outra.
O autorr relatou à polícia que efetuou os disparos porque a vítima se levantou da cadeira que estava sentada, na sala do Procon. Acrescentou ainda que teria se exaltado e efetuado os disparos contra o empresário.
Segundo o autor, não houve premeditação. A polícia ouviu todos os servidores do Procon estadual que presenciaram as discussões nas duas datas em que audiências entre as partes foram realizadas.
A arma utilizada pelo policial militar reformado era de uso pessoal, e, em depoimento, o autor alegou que portava a arma rotineiramente. A polícia ainda procura pela arma, e investiga se o registro estava vencido.
Também será investigado se o autor possuía algum disturbio psíquico, já que alegou o uso de amitriptilina, um antidepressivo tricíclico utilizado para tratar várias condições que afectam o sistema nervoso central, entre elas estão principalmente a depressão e ansiedade.
O caso foi enquadrado como homicídio por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.