Com sintomas parecidos com os da COVID, é ideal que sejam feitos testes para as duas doenças
O último boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), no dia 6 de janeiro de 2023, mostrou que, em 2022, Mato Grosso do Sul atingiu o número de 23 mortes por dengue, o que representa um aumento de 64% se comparado ao ano de 2021, quando os casos de mortes pela doença somaram 14. Além dos óbitos, o ano anterior terminou com 19.812 casos de dengue, sendo que, em 2021, o número total foi de 7.439.
Ainda de acordo com o documento, as cinco primeiras cidades do Estado com incidência de infectados foram: Campo Grande com 8.108, Três Lagoas com 984, Chapadão do Sul com 967 casos, Amambai que registrou 951 confirmados, e, por último, Dourados com 918 diagnósticos. Já o município de Eldorado não teve nenhum caso confirmado durante o ano, ao passo que as cidades de Alcinópolis e Aral Moreira tiveram quatro diagnosticados e Bandeirantes finalizou o ano com cinco registros.
Ao jornal O Estado, o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Júlio Croda, afirmou que esse aumento é natural, tendo em vista que Mato Grosso do Sul sofre epidemias de dengue há cada dois ou três anos aproximadamente, sendo que a última aconteceu em 2019. “As pessoas se infectam com os quatro sorotipos da dengue, o que acaba gerando anticorpos, mas, ao mesmo tempo, nascem novas crianças que nunca foram infectadas, assim como os adultos que já contraíram a doença perdem parcialmente a imunidade ao longo do tempo”, disse.
O pesquisador e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) ainda acrescentou que o aumento dos casos não está necessariamente relacionado ao acúmulo de água parada nas residências. “Não podemos atribuir esses resultados à população, tendo em vista a dinâmica viral imunológica que eu já citei e também a responsabilidade do Poder Público em colaborar com aos municípios e fiscalizar os focos.”
Sintomas
Diante do aumento dos casos de dengue, como é o caso de repercussão da jornalista Nadyenka Castro, que está internada com dengue grave enquanto familiares e amigos pedem por doação de sangue, e sabendo que a pandemia de coronavírus ainda preocupa, uma dúvida que pode deixar as pessoas confusas é: Como não confundir os sintomas de dengue com os de COVID?
Croda explicou que os sintomas da COVID, de modo geral, estão relacionados a desconfortos respiratórios, corrimento nasal e tosse, já a dengue apresenta indícios como febre, dor no corpo e dor atrás dos olhos. “E existem testes rápidos disponíveis na rede pública para diagnosticar as doenças, então, havendo a suspeita do médico, ele pode solicitar os dois exames para assim oferecer o melhor tratamento”, salientou.
Diante do caso de Nadyenka, e questionado sobre os casos graves de dengue, o infectologista ressaltou que existem diversos fatores que podem levar um paciente a ser diagnosticado com dengue grave. “Não existe um marcador genético ou um exame específico para detectar qual paciente vai evoluir para o caso mais grave, mas o que está ao alcance dos médicos é monitorar os pacientes que estão com sinais de alarme para mudar o quadro e, se o paciente evoluir para maior gravidade, é necessário internar para adotar as providências necessárias”, finalizou.
Conteúdo retirado do O Estado.