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Mesmo com queda dos combustíveis, inflação da Capital estoura o teto da meta

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Apesar de o governo federal ter adotado manobras para reduzir a inflação do País, o índice oficial, aferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), extrapolou o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pelo terceiro ano consecutivo na Capital.

Em Campo Grande, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 5,16% em 2022, e a média nacional foi a 5,79%.

O centro da meta estipulada era de 3,5%, e o teto, de 5%. De acordo com o mestre em Economia Eugênio Pavão, o teto da meta é uma expectativa que as autoridades monetárias colocam com o intuito de fazer a convergência da inflação para a meta.

“Não significa uma obrigação ou valor contratual, desta forma, o impacto é que a inflação fora da meta mostra que o sistema econômico não está respondendo às políticas monetárias, estando em desequilíbrio entre oferta e demanda”.

O economista Marcio Coutinho frisa que o porcentual estabelecido é uma forma de controle do índice.

“Uma das maneiras de controle é estipular a meta. O que não pode acontecer é você ter uma meta de 5% e ir a 10%” – como ocorreu em 2021, quando a meta era de 5,25% e o IPCA de Campo Grande foi a 10,92%. 

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, o grupo alimentos e bebidas puxou o IPCA para cima. O grupo acumulou aumento de 10,72% no ano passado, com destaque para as altas da cebola (125,05%), batata (60,41%), leite longa vida (30,98%) e ovo de galinha (17,23%).

Vestuário acumulou 13,67% de aumento em 2022; saúde e cuidados pessoais, 10,40%; educação, 8,05%; artigos de residência, 7,07%; despesas pessoais, 6,16%; e habitação, 4,66%.

As únicas quedas foram nos grupos transportes (-3,74%) e comunicação (-2,48%). A queda de transportes foi puxada pela redução do etanol (-29,72%) e da gasolina (-26,64), motivada pela desoneração dos combustíveis, quando impostos federais e estaduais foram reduzidos em todo o País. 

“A pressão inflacionária foi combatida com redução de tributos e isenções, o que aumentou as despesas públicas, dificultando o atingimento da meta. Além de tirar recursos de estados, a política fiscal reduziu parcela da inflação. Entretanto, as crises internacionais – guerra, pandemia e baixa oferta de alimentos – fizeram com que parcela da inflação não reagisse aos instrumentos de política monetária”, considera Pavão.

Coutinho ainda destaca que não foram só os combustíveis que foram desonerados em 2022.

“Telefonia e energia elétrica também tiveram redução dos impostos. São produtos que são consumidos por todos os brasileiros e, consequentemente, pesam na inflação. Com a desoneração desses produtos, houve uma deflação, o que fez com que a inflação ficasse menor no ano”. 

FUTURO

Definida pelo CMN, a meta de inflação para este ano é de 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. A previsão do mercado, por meio do Boletim Focus, aponta para 5,36%, ou seja, mais um ano acima do teto. 

Se confirmado o não atingimento da meta este ano, será o terceiro ano seguido de estouro da inflação no cenário nacional, no caso de Campo Grande, se ficar acima será o quarto ano seguido.

Para tentar cumprir a meta, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%, maior patamar em seis anos. Neste ano, a projeção, conforme o último Boletim Focus, é de Selic a 12,25%.

“A expectativa é de que não teremos uma inflação menor do que temos visto, por um motivo muito simples: um governo assistencialista deve gastar mais do que arrecada, injetando dinheiro na economia, e obviamente isso gera inflação”, finaliza Coutinho.

Conforme publicado na edição de ontem do Correio do Estado, os conflitos políticos que têm ocorrido no País devem influenciar a economia. Pavão frisa que a invasão dos Três Poderes dá uma imagem de perda de controle da economia e da segurança. 

“Como a reação foi rápida e contundente, o resultado deve ser a volta da normalidade econômica. Caso não houvesse essa reação, o dólar poderia ser afetado e subir com a desconfiança dos investidores internacionais na condução da política econômica”, avalia. 

Já em relação à situação interna, Pavão diz que o aumento dos protestos, com fechamento de rodovias, pode fazer a inflação disparar e trazer o desabastecimento, embora na prática ainda sejam hipóteses pouco prováveis.

Segundo o economista Eduardo Matos, os acontecimentos em Brasília influenciam, principalmente, na confiança dos investidores no Brasil.

“Os investimentos atuam diretamente no crescimento econômico e, com sua queda, o já duro desafio de recuperação dos níveis de investimentos será ainda mais complexo de ser contornado”. 

Reprodução – CORREIO DO ESTADO

Conteúdo retirado do Correio do Estado.