Inflação e dólar são alguns desafios a serem enfrentados
O novo governo chegará carregado de incertezas para a economia, em 2023. Com isso, os comerciantes de Mato Grosso do Sul se mostraram preocupados com o novo cenário que está por vir. Além disso, a instabilidade econômica, a alta do dólar, alta dos impostos são outras questões que acendem o alerta para a categoria.
“Esse receio quanto à mudança de gestão está presente em muitos empresários. Sempre que há uma situação como as eleições, a classe fica de certa forma apreensiva, afinal de contas mexe com muitas questões, como por exemplo, a tributária e até mesmo leis que interferem na economia do país. Sendo assim, eles tentam ao máximo se planejar para que as interferências não sejam de certa forma prejudicial aos seus negócios”, avalia o presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande).
“Neste ano, nessas eleições, houve uma expectativa muito maior, automaticamente, quando se tem essa grandiosidade tem o medo e o receio na mesma proporção. As pessoas estão tentando se defender para tentar sobreviver, essa incerteza toda é como um mecanismo de defesa. Diferente dos outros anos as eleições causaram uma apreensão e isso não é uma opinião, é estudo de mercado, observação do comportamento não só no comércio, mas da classe empresarial”, completa.
O dono de uma loja de tecidos na Capital, que também é professor de História, Ronaldo Pangoni, 49 anos, é um exemplo de quem não vê esperança. “Não tem esperança no novo governo. O problema é que esse governo é pautado em sempre aumentar os impostos ou taxas para se manter em seus privilégios e regalias. Ou seja, é colocar sobre nós algo que não desejamos e muito menos pedimos. Não buscamos esse tipo de coisa. O estado brasileiro é caro demais e quando está no comando da esquerda nós vivemos uma escuridão onde não tem justiça”, lamenta.
O proprietário da Tecsystem Chaves e Carimbo, Valdecir Bonfim, de 71 anos, avalia que a política está gerando uma preocupação.
“Muito preocupado. A avaliação é que ele está montando o ministério dele com pessoas da sua confiança. Estava existindo um governo sério, diminuindo o custo do Brasil, que é custo de quem trabalha e produz. A política gera uma preocupação”, destaca.
Outro empresário, de 64 anos, que preferiu não se identificar, detalha a frustração. “Estou preocupado com tudo. Pois, a economia indo mal, tudo vai mal. O empresário não tem medo de trabalhar. E tenho certeza que a corrupção irá voltar. A população vai sofrer”, diz.
Expectativa
Na visão da economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Andreia Ferreira, o cenário é, na verdade, de desafios.
“O cenário, para dizer o mínimo, é desafiador. Embora ainda existam apoiadores de Guedes e sua política econômica, o fato é que foi um desastre completo – a pandemia complicou o cenário, com certeza, mas responsabilizar somente a pandemia de covid-19 é um erro. Empresários do comércio, e agronegócio, reclamarem da volta de Lula que, mesmo ser ter tomado posse, colocou o país novamente no radar do mundo, é de uma falta de lógica”, comenta.
A profissional ainda relembra alguns planos do novo governo. Do que já se sabe dos planos do novo governo, retomar a bem sucedida política de valorização do salário mínimo; voltar com o Minha Casa, Minha Vida e [3] volta da exitosa Bolsa Família, tem o potencial de destravar alguns setores da economia, e, especialmente estas ações, tendem a beneficiar com celeridade o comércio”, destaca.
Por outro lado, para o presidente da CDL-CG (Câmara Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, a expectativa é de um momento melhor.
“O olhar que nós temos é que teremos um fortalecimento do varejo. Em vistas aos números que nós obtivemos na última gestão do Lula, nós tivemos um crescimento muito maior no consumo.”
Isso para o varejo é positivo, talvez não seja positivo para quem vende commodities. Acredito que nos teremos uma melhora no varejo”, avalia.
Lojas fechadas
Em novembro, a reportagem do jornal O Estado percorreu a Rua 14 de Julho, o coração do comércio de Campo Grande, e encontrou algumas lojas fechadas. Em uma contagem feita desde a Avenida Afonso Pena até a Avenida Mato Grosso, são 163 estabelecimentos existentes. Deste total, 25 prédios estavam para alugar.
Em um dos locais, o valor do aluguel está R$ 11,5 mil, com 91 metros quadrados, contento uma copa, uma área de serviço, três salas pequenas, quatro provadores e dois banheiros.
Na mesma rua, um outro salão comercial, com 100 metros quadrados, custa R$ 11 mil. É um espaço aberto, contendo apenas um banheiro.
Em outro local de 221,37 m², o aluguel está R$ 25.000 por mês. Além do salão amplo, contém um mezanino, dois banheiros, copa, e área de serviço.
Conteúdo retirado do O Estado.