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CMO não se posiciona sobre os acampados há mais de 45 dias em frente ao quartel

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Manifestantes destacam que “o Brasil não está mais cego quanto à corrupção da política brasileira” 

O Alto Comando do Exército do Brasil formado por 17 generais tem se calado e virado as costas para os milhares de pessoas que passaram acampar em frente dos quartéis em busca de um posicionamento das forças militares. Em Campo Grande, são cerca de 5 mil pessoas que fazem vigília, se revezam manhã e noite, na Avenida Duque de Caxias dormindo em barracas debaixo de tendas montadas em canteiros, em busca de “socorro” por se sentir prejudicados com o processo eleitoral. (Veja a linha do tempo das manifestações ao lado). 

Cogitando não receber o apoio das forças militares, o grupo de patriotas afirma não ver o futuro no Brasil. “O Brasil já acordou, já teve um novo despertar. Algo interessante que vimos nesse ano de Copa do Mundo também, foi que muitos brasileiros não sabiam falar sobre a escalação da Seleção Brasileira, em contrapartida, sabiam citar os 11 ministros do STF. Esse fato, há cinco anos, não existia, já que ninguém comentava sobre os ministros do Supremo, então olha o que estamos alcançando, o que o brasileiro tem consumido. O que realmente importa no final, é o Brasil não estar mais cego quanto à corrupção da política brasileira”, disseram.

O CMO (Comando Militar do Oeste), que compreende os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além da cidade de Aragarças, em Goiás, tem como general Anisio David de Oliveira Junior. O jornal O Estado questionou qual a responsabilidade do Exército em relação ao tempo de pessoas acampadas em frente do CMO? E não obteve resposta.

Um silêncio sem fim 

Apesar da “demora” em agir por parte do Exército, o grupo de manifestantes afirma que algo está sim sendo feito, mesmo que não aos olhos da sociedade. “Várias coisas estão acontecendo, ao contrário do que muitos pensam de que ‘nada estão fazendo’. Uma das coisas mais importantes, é que 95% das pessoas que estão manifestando atualmente, são idosos, crianças, pessoas que dificilmente fariam manifestação de rua em prol do seu país. São 46 dias nas ruas. Esse ‘acordar’ do patriotismo do Brasil é o que mais importa e tem que ser analisado. O povo tem voz, e o povo acordou”, finalizou à reportagem.

S.O.S Forças Amadas 

Com placas e faixas de “S.O.S Forças Armadas”, os manifestantes clamam, há 46 dias, pela liberdade do povo brasileiro, que será obstruída, segundo eles, caso o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tome posse em 1º de janeiro de 2023. Para o grupo reunido em frente aos quartéis, mesmo após Lula ter sido diplomado pelo STF na última segunda-feira (12), a intervenção militar ainda deve ocorrer antes da posse do futuro presidente da República. 

“São várias decisões que precisam ser tomadas, vários detalhes para se atentar, mesmo que seja a favor ou contra do nosso posicionamento. O Brasil tem uma das maiores fronteiras secas da América Latina, então é complicado. Sabemos que não se trata de uma operação simples, que simplesmente sairão nas ruas com a ideia de ‘dar um golpe’. Tudo precisa estar embasado, e sabendo disso, a demora é normal para nós e não nos faz titubear. A demora em si é que não estamos aplicando um golpe militar, tomando o Poder. Tem que ser feito dentro das quatro linhas, dentro da legalidade. Se caso não acontecer, infelizmente perderemos”, declarou um dos patriotas que está à frente do grupo.

Alto comando do exército

Diante o posicionamento dos patriotas, o Alto-Comando do Exército voltou aos holofotes. Presidido e convocado pelo comandante do Exército, o Alto-Comando é composto por 17 generais da ativa que ocupam os postos mais altos da Força: são 16 generais de Exército, ou seja, a patente mais alta da Força, mais o comandante. Nas reuniões periódicas, geralmente presenciais, mas durante a pandemia virtuais, esses 16 têm a missão de assessorar o comandante.

Entre as tarefas estão análises de conjunturas, definições de operações, orçamentos, projetos e participações da Força em diversos contextos. É assim em cada uma das Três Forças, que contam cada uma com seu Alto-Comando. O do Exército é o mais importante, por ser da Força mais influente e poderosa. Eis a composição atual: 

Comando do Exército [Marco Antônio Freire Gomes]; Chefe do EME (Estado-Maior do Exército) [Valério Stumpf Trindade]; COTer (Comando de Operações Terrestres) [Estevam Cals Theophilo]; Chefe do DGP (Departamento-Geral do Pessoal) [João Chalella Júnior]; Chefe do DECEx (Departamento de Educação e Cultura) [André Luis Novaes Miranda]; Chefe do DCT (Departamento de Ciência e Tecnologia) [Guido Amin Naves]; COLOG (Comando Logístico) [Eduardo Antonio Fernandes]; Chefe do DEC (Departamento de Engenharia e Construção) [Júlio César de Arruda]; SEF (Secretário de Economia e Finanças) [Sérgio da Costa Negraes]; Subcomando de Operações Terrestres [Júlio César de Arruda]; CMA (Comando Militar da Amazônia) [Achilles Furlan Neto]; CMN (Comando Militar do Norte) [Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves]; CMNE (Comando Militar do Nordeste) [Richard FERNANDEZ NUNES]; CMO (Comando Militar do Oeste) [Anisio David de Oliveira Junior]; CML (Comando Militar do Leste) [André Luis Novaes Miranda]; CMSE (Comando Militar do Sudeste) [Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva];CMS (Comando Militar do Sul) [Fernando Santana Soares].

Saiba quais são os rendimentos dos generais

Dentre os generais que ocupam o primeiro escalão no governo do presidente Jair Bolsonaro, estão Luiz Eduardo Ramos, Augusto Heleno, Hamilton Mourão e o general Walter Braga Netto. Os generais receberam até R$ 350 mil a mais em um ano após a assinatura da portaria Nº 4.975, de 29 de abril de 2021, que permite o acúmulo de salários e aposentadorias acima do teto constitucional. 

O maior aumento foi para do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral que, de acordo com o jornal Folha de São Paulo, recebeu R$ 874 mil nos 12 meses desde que a portaria foi publicada. Ainda segundo o veículo, se o teto salarial tivesse sido aplicado, o contracheque delete teria que ter cerca de R$ 350,7 mil a menos. 

Em seguida, o contracheque mais alto foi do general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, com R$ 866 mil – R$ 342 mil acima do teto constitucional. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), é terceiro na lista, com R$ 318 mil a mais em um ano. 

O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, teve R$ 306 mil a mais em um ano e só não ficou na frente de Mourão porque deixou de ser ministro no fim de março. Ao todo, 43 militares da reserva se beneficiaram com a nova regra, como: ex-integrantes das Forças Armadas da Aeronáutica, Exército ou Marinha.

Linha do tempo das manifestações

DIA 30 DE OUTUBRO: Manifestantes fecham rodovias em diversos estados brasileiros;

DIA 31 DE OUTUBRO: Manifestantes iniciam acampamentos em frente aos quartéis brasileiros;

DIA 2 DE NOVEMBRO 24: Estados brasileiros protestaram no feriado de Finados em frente aos quartéis brasileiros;

DIA 15 DE NOVEMBRO: No feriado da Proclamação da República, manifestantes pedem intervenção do exército;

DIA 22 DE NOVEMBRO: PL entrega documento ao TSE que comprova fraude em parte das urnas eletrônicas no 2º turno;

10 DE DEZEMBRO: Cerca de 600 mil manifestantes de todo o Brasil se reúnem em Brasília em prol da liberdade do povo brasileiro;

12 DE DEZEMBRO:  Manifestantes fazem ato no Alvorada no dia da diplomação de Lula;

1º DE JANEIRO DE 2023: Manifestantes descartam posse de Lula e apostam em intervenção militar ou prisão do presidente eleito;

Conteúdo retirado do O Estado.