Campo Grande iniciou ontem (25) a aplicação da quarta dose de vacina contra a COVID-19 para pessoas com 20 anos ou mais. De acordo com a Sesau, a prefeitura pretende antecipar para a próxima segunda-feira (28) a 4ª dose para pessoas acima de 18 anos. A estratégia de aplicar o segundo reforço em toda a população até os 18 anos objetiva evitar que o cenário presenciado pela população, entre dezembro de 2021 e janeiro deste ano, se repita. Conforme a secretaria, a imunização, que pode ser aplicada somente após quatro meses da administração da terceira dose, tem como objetivo a redução dos riscos de aumento de casos da doença em razão de uma nova variante, a BQ.1.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) aponta que, mesmo a variante não tendo sido identificada na Capital, já está em circulação em estados próximos, como São Paulo e Rio de Janeiro. “A secretaria percebeu o aumento na procura de testes de COVID e nos atendimentos a pacientes sintomáticos respiratórios. Mesmo não havendo elevação na positividade dos testes, a pasta avaliou que isso seja um reflexo da circulação da nova variante”, alertou. Dados epidemiológicos Somente em 2022, foram registrados mais de 89 mil casos positivos na Capital. “Felizmente, a maioria desses pacientes teve somente sintomas leves. Um reflexo da vacinação, sem dúvida. Mas é inevitável não trabalhar pensando nas novas variantes, requerendo atenção de todos, com responsabilidade. Todos precisamos dos reforços”, destacou o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho.
Até o mês de novembro deste ano, quase dois milhões de doses da vacina contra a COVID-19 foram aplicados em Campo Grande, e 80% da população local está com o esquema primário completo. Contudo, a procura pelas doses de reforço ainda é abaixo do esperado, afirmou a secretaria. Quanto ao segundo reforço, a procura está ainda mais baixa, do qual foram aplicadas pouco mais de 141 mil doses dos imunizantes disponíveis. Desde o fim do mês de maio, o primeiro reforço está liberado para toda a população a partir dos 12 anos e que havia concluído o esquema primário há, pelo menos, quatro meses. Embora liberada há meses, até então, somente 380.490 doses foram aplicadas, tendo em vista que o público estimado desta faixa etária é de aproximadamente 741,6 mil pessoas.
Sequelas da doença ampliam número de mortes
Passados os primeiros dez meses deste ano, marcado pelo maior controle da pandemia de COVID-19 e por aumento da vacinação, o número de mortes em Mato Grosso do Sul ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no país. Levantamento inédito junto aos Cartórios de Registro Civil do Estado aponta que o número de mortes em 2022 é quase 20% maior que o computado em 2019, e quase 10 vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos antes da chegada da doença causada pelo novo coronavírus. Em Mato Grosso do Sul, entre janeiro e outubro de 2022 foram contabilizados 16.717 óbitos, número 19,8% maior que os 13.950 ocorridos nos dez primeiros meses de 2019, antes da chegada da COVID-19. Na comparação com os números dos anos onde a pandemia esteve no auge no país, verifica-se uma redução de 23% em relação ao ano passado, que totalizou 21.739 mortes, e aumento de 6,7% em 2020, que computou um total de 15.662 mortes. Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a COVID-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças em Mato Grosso do Sul, apresentando queda de 85,6% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado.
Em 2021, no período analisado, foram registradas 7.066 mortes causadas pelo novo coronavírus, perante 1.017 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença, passaram a registrar crescimento diferenciado no Estado. “Os dados dos Cartórios de Registro Civil nos chamam a atenção: estamos com um controle
maior da contaminação, diminuição de hospitalização e de óbitos pela COVID-19, porém o vírus tem deixado sequelas significativas na população sul matogrossense. O aumento de mortes por SRAG, por exemplo, ultrapassa 100%. Com esses números percebemos haver um alerta em relação às doenças que podem
estar ligadas ao vírus e podemos pensar em campanhas preventivas e até mesmo em políticas públicas voltadas para a saúde em todo o Estado de Mato Grosso do Sul”, explica Marcus Roza, presidente da ArpenMato Grosso do Sul (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul). Um número que chama atenção no levantamento diz respeito às mortes por SRAG (síndrome respiratória aguda grave). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 116,2% nos registros de óbitos por essa doença respiratória.
Em números absolutos, foram contabilizadas 80 mortes por SRAG nos dez primeiros meses deste ano perante 37 registros para o mesmo período de 2019. Outro exemplo é o aumento de óbitos por pneumonia, que passaram de 2.082 entre janeiro e outubro de 2021 para 2.797 no mesmo período deste ano. Em 2020, foram 2.358 mortes pela doença nos dez primeiros meses do ano, ao passo que 2019 registrou 2.642 óbitos causados por pneumonia. O número de mortes pela doença apresentou aumento de 5,9% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2019, quando ainda não havia pandemia. Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que registraram aumento de 31,3% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano foram computadas 1.795 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, ao passo que em 2019 foram 1.367 óbitos no mesmo período. Já nos anos auge da pandemia, 2021 e 2020, foram catalogados respectivamente 1.50 e 1.392 óbitos por esse tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 19% em relação a 2021 e de 29% em relação a 2020. Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos cartórios sul-mato-grossenses está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano cresceram as mortes por causas cardiovasculares inespecíficas (20,2%), AVC (1,9%) e infarto (1,8%), na comparação com o mesmo período de 2019.
Conteúdo retirado do O Estado.