Segundo a Ceasa-MS, preço do saco da batata aumentou 62%
As manifestações nas rodovias de Mato Grosso do Sul deixaram como consequência o aumento nos produtos. Exemplo disso é o preço dos hortifrútis, que tiveram aumento de 62%, e da gasolina, que está voltando ao patamar de R$ 5. Além disso, uma das preocupações é o risco de desabastecimento.
“Isso mostra, claramente, como os bloqueios afetaram diretamente os consumidores. Imediatamente tivemos um aumento de preços e a diminuição na oferta de produtos com apenas alguns dias de paralisação”, destacou o secretário da Semagro, Jaime Verruck.
Conforme levantamento feito pela Ceasa-MS (Central de Abastecimento), o saco de 25 kg da batata saiu de R$ 110 para R$ 180. Nos dias 1º e 2 de novembro, teve redução entre 70% e 80% na entrada dos produtos. Além disso, em comparação com a semana passada, o número da chegada dos caminhões saiu de 108
para 54 veículos.
Geralmente, a Ceasa do Estado recebe, em média, 1.547 toneladas de mercadorias nas terças e quartas-feiras. Mas, nesta semana, o total não passou de 600 toneladas.
Todos os produtos tiveram entrega reduzida, com destaque para o abacaxi, que é trazido de São Paulo, Minas Gerais, Pará, Alagoas, Bahia, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Esse produto não teve nenhuma entrada registrada na quarta-feira (2).
Para se ter outro parâmetro comparativo, na segunda-feira da semana passada, a Ceasa-MS recebeu 63.243 toneladas de abacaxi e, nessa segunda-feira (31), apenas 21.120 toneladas. Uma redução de 70%.
A cebola, que é trazida de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e também de Mato Grosso do Sul, teve diminuição de 77% no volume total nesses dias, passando de 57,1 toneladas na semana passada para 13,46 toneladas no início desta semana.
Outro produto destacado é a melancia, oriunda dos estados da Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Tocantins e Mato Grosso do Sul, cujo total contabilizado na semana foi de 5,05 toneladas. No mesmo período da semana passada, a Central recebeu 41 toneladas de melancia.
Goiaba, maçã, melão e pera também entram na lista dos produtos que não registraram entrada na Ceasa-MS nesses dias de paralisação.
Entretanto, com a liberação das estradas, o fluxo de cargas tende a se normalizar e a oferta de produtos na Central também será restabelecida nos próximos dias. “Já percebemos uma melhoria no fluxo e estamos com a expectativa de que até amanhã a gente já tenha uma regularidade no número de caminhões chegando
à Ceasa e, consequentemente, no fornecimento”, continua o secretário.
Gasolina e gás
Já em relação ao combustível, em comunicado, o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de MS) informou que já existe a constatação de postos de combustíveis no interior do Estado que estão limitando a quantidade de litros por abastecimento, sendo autorizado pela Procon-MS.
O representante do Sinpetro ressalta que na Capital não ocorreu relato da necessidade de limitar os produtos, todavia a medida foi tomada como maneira de garantir que todos possam abastecer seus veículos.
A nota ainda destaca que o aumento de preços em razão da situação de emergência pode ser entendido pela
Procon como abusivo, contribuindo para possível fiscalização e autuação. O litro da gasolina vendido em Campo Grande voltou a se aproximar dos R$ 5. Estabelecimento localizado na Avenida Fernando Corrêa da
Costa, com a Rua 14 de Julho, estava cobrando R$ 4,99 pelo litro da gasolina comum, até terça-feira (1°). Hoje, diminuiu o preço para R$ 4,79.
Na mesma avenida, esquina com a Rua 13 de Maio, a gasolina comum é encontrada a R$ 4,65 o litro. Ainda na Fernando Corrêa, próximo da Rua Calógeras, a gasolina é comercializada por R$ 4,95; na Rua Rui Barbosa, esquina com João Pedro de Souza, a gasolina é vendida a R$ 4,79, etanol R$ 3,69 e diesel R$ 6,75.
Além disso, de acordo com o Simpergasc-MS (Sindicato das Micro, Pequenas Empresas e Revendedores Autônomos de GLP, Gás Canalizado e Similares do Estado), a paralisação está sendo observada com atenção, já que as atividades têm desencadeado um clima de incertezas. Sobretudo, a nota ressalta que o cenário é preocupante.
“Com a continuação desse protesto, corremos o risco de um desabastecimento no Estado. Nossa preocupação maior é a correria em comprar o gás de cozinha antes do tempo. Vamos realizar um trabalho preventivo em conjunto com os órgãos reguladores para assegurar o direito do consumidor de ter o produto
com segurança e preço justo em casa”, enfatizou o presidente do Simpergasc-MS, Vilson Lima.
Entenda
Desde o dia 30 de outubro, segundo turno das eleições de 2022, apoiadores de Bolsonaro começaram a bloquear rodovias com pneus queimados, como forma de protesto contra o resultado das urnas. Eles pedem a recontagem dos votos, acreditando que houve fraude.
Desde então, ocorreram várias confusões. No dia 31 de outubro, a Justiça determinou a liberação das rodovias, sob multa diária de R$ 10.000,00 por pessoa física participante e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica. Mesmo assim alguns insistiam em continuar. No outro dia, 1° de novembro, voltaram a atear fogo em pneus para interditarem as estradas.
Com isso, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) usou bombas de efeito moral para acabar com o protesto na BR-163, saída para Cuiabá, em Campo Grande. A ação durou cerca de 15 minutos.
Em uma das interdições na BR-060, em Sidrolândia, o condutor de um HB20 foi preso pela PRF após tentar furar o bloqueio e ir para cima dos manifestantes que estavam por lá. No mesmo momento, ele mesmo atirou três vezes para o alto.
Os protestos passaram a ter incentivo de outros apoiadores, com doação de marmitas, produtos de higiene pessoal, carnes, arroz, legumes e outros alimentos em geral. Conforme informações da PRF, até ontem (3) não havia mais rodovias federais bloqueadas. No início desta semana, foram 33 interdições. Já nas estaduais, a Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) também informou que não tem mais bloqueios, número que chegou a 21.
O jornal O Estado percorreu a BR-163 e a BR-060 e não encontrou mais nenhum tipo de manifestação. Conforme apurado pela equipe de reportagem, os caminhoneiros começaram a se concentrar no CMO (Comando Militar do Oeste), outro ponto de manifestação. Por lá, as pessoas estão acampadas no canteiro central, com bandeiras do Brasil, trio elétrico e caminhões.
Conteúdo retirado do O Estado.