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Litro do diesel recua R$ 0,77 em dois meses

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Pouco mais de uma semana do último anúncio de queda do diesel, o preço do combustível está recuando em Mato Grosso do Sul. 

Em comparação com o mês de julho, no qual o preço atingiu o maior patamar deste ano, o litro do óleo diesel comum recuou R$ 0,76, saindo de R$ 7,30 em julho para R$ 6,54 ontem, uma retração de 10,41%.

No caso do óleo diesel S10, a queda notada é de 10,28% ou R$ 0,77 por litro – caindo de R$ 7,49 para R$ 6,72 no mesmo período. 

A principal explicação está nos preços do barril de petróleo no mercado internacional, além das reduções do preço da comercialização nas refinarias feitas pela Petrobras.  

Para encher um tanque de uma caminhonete com capacidade de 76 litros com o óleo combustível S10, o sul-mato-grossense gastava R$ 569,24 em julho e esta semana desembolsou R$ 510,72. No caso de um caminhão com capacidade para 300 litros e que utiliza a versão comum do combustível, o gasto caiu de R$ 2.190 para R$ 1.962 no intervalo de julho a setembro.

Diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, explica que as duas reduções anunciadas recentemente pela estatal já estão impactando nos preços ao consumidor final.

“Ocorreu uma redução no produto diesel na ordem de 5,5% no preço final e já foram repassados nas bombas, principalmente nos postos de rodovias onde o produto é mais consumido”, relata.

Em 5 de agosto, a Petrobras anunciou a primeira revisão para baixo no preço do Diesel, em pouco mais de um ano. A segunda foi anunciada no dia 19 deste mês. Apenas as quedas seriam responsáveis por R$ 0,44 de redução no intervalo de dois meses.

Especialistas atribuem a invasão russa à Ucrânia, que afetou os estoques diretamente, como o principal propulsor do preço dos combustíveis.  

CONJUNTURA

O doutor em economia Michel Constantino explica que essa retração é uma soma de fatores, mas o principal pode ser explicado pelo crescimento da procura pelo combustível fóssil. “A demanda por diesel mundialmente está crescendo com o uso de usinas termelétricas pela Europa”, avalia.

Somente no segundo semestre deste ano, o preço do barril de petróleo tipo Brent, considerado valor de referência mundial, usado, inclusive, pela política de preços da Petrobras, teve variação negativa de 30,52%, de acordo com o portal investing.com.

Em primeiro de junho, a commodity era negociada a US$ 116,29. Atualmente, o barril está sendo comercializado por US$ 85,35.

Outro ponto que impede uma queda maior no preço dos combustíveis é a variação cambial. No caso do diesel, é necessário importar 20% de todo o consumo interno do Brasil, porque a Petrobras não consegue suprir toda a demanda.

Segundo a base de dados históricos do investing.com, na contramão do preço do barril, o dólar se valorizou frente ao real. Desde de junho, a moeda americana subiu 13,66%, deixando de ser comercializada a R$ 4,72 para atingir a marca de R$ 5,37.

A política de paridade internacional adotada pela Petrobras em 2016, ainda no governo Temer, transforma esse indicador mais o preço do câmbio internacional, os dois principais formadores de preços.  

Lazarotto ainda comenta que, por conta desses fatores, principalmente a queda do preço do barril tipo brent, é preciso esperar o que o futuro nos aguarda.

“Existe ainda uma expectativa de queda, pois o barril de petróleo internacional está em queda, mas o dólar esta semana teve fortes altas, o que inviabiliza uma nova redução, pois, para ocorrer reduções, os dois itens [dólar e barril] têm de estar em queda”, finaliza.

GASOLINA E ETANOL

Diferentemente do diesel, a gasolina e o etanol se beneficiaram de arrochos nas taxas com a lei complementar n° 194, promulgada em 23 de junho, e que fizeram ambos os combustíveis despencaram para preços próximos aos de janeiro de 2021.

Conforme levantamento feito pela reportagem, o preço médio praticado em Campo Grande para o combustível fóssil está em R$ 4,62 e para o biocombustível R$ 3,69.

Desde o mês junho, a gasolina apresentou queda de 33,90%, saindo de um preço médio de R$ 6,99. Já o etanol, comercializado a R$ 5,11 naquele mês, a queda até os preços atuais chega a 27,78%. Respectivamente, os combustíveis retraíram R$ 2,37 e R$ 1,42 no preço médio do litro.

No caso do último, a redução ainda teve um fator de manutenção da paridade da competitividade do biocombustível com a gasolina. O governo estadual baixou a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 11,33%.

Em Mato Grosso do Sul, o governo reduziu a alíquota da gasolina de 30% para 17%, em adequação à alíquota básica do ICMS, que determinou combustíveis, energia elétrica, telecomunicações, gás de cozinha e transportes como itens essenciais, o diesel não caiu porque já era cobrado 12%.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.