Com o fim da colheita da 2ª safra de milho em Mato Grosso do Sul, os números foram revisados para cima.
A estimativa do Sistema de informação do Agronegócio (Siga-MS) aponta para produtividade de 78 sacas por hectare e 9,34 milhões de toneladas colhidas. A partir da revisão, a projeção passou a 96 sc/ha, totalizando 11,48 milhões de toneladas.
Conforme adiantado pelo Correio do Estado na edição de 17 de agosto, a safra se confirma como a segunda melhor da série histórica de Mato Grosso do Sul, ficando atrás apenas da colheita realizada no ciclo 2018/2019, quando foram retiradas das lavouras 12,1 milhões de toneladas do cereal.
No comparativo com a safrinha 2020/2021, quando as intempéries climáticas fizeram com que muitos produtores perdessem suas lavouras, o aumento é de 75,8% ante as 6,5 milhões de toneladas colhidas no ano passado.
Os dados foram apresentados pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS). De acordo com o presidente da associação, André Figueiredo Dobashi, a área plantada é projetada em 1,9 milhão de hectares, mas ainda deve ser revisada.
“A gente acha que passa um pouquinho dos 2 milhões de hectares. Mas isso é uma coisa que a gente ainda está tabulando esse dado com a empresa que nos auxilia para essa tomada de decisão. A gente imaginava que a média de produção seria abaixo de 80 sacas por hectare”.
“Porém, ela veio com uma produtividade mais alta, dado o clima e tudo mais, então passamos dos 10 milhões de toneladas de milho. Isso é muito bom, uma vez que a produtividade por área aumentou em função do desenvolvimento da safra que foi bom”, avalia.
A produtividade da safra de milho foi o dobro do ciclo passado. Na safra 2020/2021, foram 47 sacas por hectare, enquanto neste ano a estimativa aponta para 96 sc/ha, maior média dos últimos cinco anos.
INDUSTRIALIZAÇÃO
A diversificação da matriz econômica do Estado impacta em maior consumo interno dos grãos. Conforme publicado na edição de ontem do Correio do Estado, existem projetos de ampliação da agroindustrialização, como duas usinas processadoras de etanol de milho.
E ainda o aumento da produção de suínos e aves, que também consomem o milho na fase da engorda.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, atualmente o Estado consome metade dos cereais que produz.
“O milho é suficiente. Hoje, a demanda interna gira em torno de 6 milhões de toneladas, e já somos tradicionais ‘exportadores’ para outros estados. Santa Catarina, por exemplo, é um grande comprador de milho”, explica.
Verruck ainda afirma que há uma tendência em reduzir ainda mais o quantitativo enviado para fora de MS e beneficiar cada vez mais dentro do Estado.
“Trazendo para a ração de suínos, de aves, e ampliar isso. No caso do etanol de milho, temos uma posição muito favorável, que nós temos um subproduto que é o DDG [sigla em inglês para grãos secos e destilados], que novamente entra na cadeia produtiva, principalmente na pecuária. Esse encadeamento produtivo faz com que a gente agregue valor ao milho em Mato Grosso do Sul”, considera.
O presidente da Aprosoja-MS confirma a necessidade de industrialização maior. “A gente percebe que Mato Grosso do Sul está indo para esse caminho. Haja vista a chegada das empresas de etanol de milho de DDG que estão vindo com uma fome bastante grande pelo nosso milho”, disse Dobashi.
SOJA
Apesar de a 2ª safra de milho 2021/2022 ter o desempenho recorde, a primeira safra de soja registrou o pior desempenho dos últimos anos.
O Estado colheu 8,6 milhões de toneladas de soja, queda de 34,71% ante o ano anterior (2020/2021), quando o Estado colheu 13,3 milhões de toneladas – a maior safra da história.
A quebra da produção da soja parece ter ficado no ciclo anterior. Para a safra 2022/2023, a projeção é chegar ao segundo melhor resultado da série histórica mapeada pelo Siga-MS.
Com estimativa de crescimento de 41,7% comparado à temporada anterior, a safra deve superar 12,3 milhões de toneladas.
A produtividade média da soja deve alavancar 38,2%, saindo de 38,65 sacas por hectare para 53,44 sc/ha, enquanto a área deve atingir 3,8 milhões de hectares, avanço de 2,5%, frente ao alcançado no ciclo 2021/2022, quando registrou 3,7 milhões de hectares.
“Depois de períodos desafiadores para a agropecuária do Estado, estamos diante da estimativa de uma boa safra de grãos. Importante destacar que, neste atual cenário, nossos produtores estão muito preparados, pois, cada vez mais, buscam conhecimento técnico”, avalia o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.
A soja é o principal produto da pauta de exportação de Mato Grosso do Sul. Dados da Aprosoja apontam que, em 2021, o Estado exportou 5,3 milhões de toneladas.
“Estamos iniciando novamente com uma estimativa de uma área recorde de soja em Mato Grosso do Sul. A soja é nosso principal produto exportado do Estado, é um produto importante para a industrialização. Iniciamos novamente com essa expectativa de crescimento de 2,5% da área, e isso tende em condições adequadas a termos uma safra recorde em MS. E, consequentemente, uma exportação recorde também”, conclui Verruck. (Colaborou Elias Luz)
R$ 76,81 a saca de milho
Dados da Granos Corretora apontam que, no fechamento de ontem, a saca de milho com 60 kg era comercializada a R$ 76,81 no mercado físico do Estado, já a saca de soja era comercializada a R$ 170,18.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.