Mato Grosso do Sul tem um futuro de altos investimentos privados que devem moldar e diversificar a economia.
Levantamento feito pelo Correio do Estado junto de órgãos governamentais, associações de setores fortes no Estado e cooperativas de produtores aponta investimentos confirmados que devem ultrapassar R$ 47 bilhões nos próximos anos.
O que impulsiona o portfólio de empreendimentos em Mato Grosso do Sul é a industrialização da matriz econômica já dominante do Estado. E a intenção é diversificar a matriz econômica.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, esse é um dos principais projetos que o governo do Estado vislumbrou.
“Nosso objetivo sempre tem sido como estratégia de desenvolvimento a famosa frase de agregação de valor ao produto. Ou seja, transformação. É muito claro que a linha de desenvolvimento do Estado é a agroindustrialização”, comentou.
Entre os projetos já anunciados está a expansão de plantas frigoríficas de suínos e bovinos, assim como de laticínios, processamento de celulose, projetos de plantas de esmagamento de soja, indústrias produtores de embalagens, plantas químicas para transformação de colágeno, a fábrica de fertilizantes e transformação de cana-de-açúcar e milho em etanol.
Conforme o doutor em Economia Michel Constantino, ainda podem ser somadas a essa diversificação da matriz econômica de MS indústrias de processamento de tilápia e produção de látex.
“Nos últimos seis anos, o Estado melhorou o seu ambiente de negócios, atraiu novos investimentos e mostrou o seu potencial para o mercado. Nós chamamos isso em economia de vantagem comparativa”, explica.
Ele prossegue dizendo que MS fez muito bem o trabalho de apresentar seus principais “ativos”. “Esses proporcionam aos investidores vantagens por uma série de fatores, entre eles, logísticos, de custos, de expansão e de sustentabilidade”, resume.
Com o potencial de terras e produtivo do Estado, Constantino pontua que empresas como Arauco e Suzano fazem mapeamento de mercado antes de trazerem investimentos para cá.
CELULOSE
Entre as operações iniciadas está o Projeto Cerrado, já em construção na região de Ribas do Rio Pardo.
Ao todo, a Suzano prevê investimentos de R$ 19,3 bilhões na planta. Somente esta iniciativa gera expectativa de aumentar a área plantada da empresa para 600 mil hectares de eucalipto.
Com previsão de conclusão em 2024 e processamento de 2,3 milhões de toneladas por ano, a gigante brasileira ainda enfrentará, no futuro, a concorrência pelo mercado regional da matéria-prima advinda do eucalipto com a chilena Arauco.
O anúncio feito no primeiro semestre deste ano prevê uma planta na região de Inocência tão grande quanto a da Suzano. A inserção destas duas iniciativas transforma MS no principal produtor mundial da commodity.
Os investimentos para colocar a planta de pé serão de R$ 15 bilhões, com a implantação do Projeto Sucuriú.
O empreendimento terá a geração de 12 mil empregos no pico da construção e 250 empregos diretos e 300 indiretos quando entrar em operação, além de 1,8 mil empregos permanentes na área florestal.
A principal mudança na cidade e no entorno é a necessidade de expandir a área de floresta plantada.
Atualmente, são 45 mil hectares, e o projeto da Arauco prevê necessidade de 340 mil hectares para suprir a demanda da fábrica. Esta expansão requer mais R$ 5 bilhões em investimentos para plantar 290 mil hectares.
FERTILIZANTES
Outro projeto que há muito tempo é aguardado pelo Estado é a conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3). Para que a obra seja concluída, a fábrica precisa ser vendida. De acordo com a gestão estadual, a venda deve ser concluída ainda neste ano.
Conforme o titular da Semagro informou ao Correio do Estado, o compromisso que a Petrobras assumiu com o governo do Estado é de que até novembro haja o anúncio do novo comprador e a assinatura do contrato.
“Feito isso, obviamente que a empresa deverá começar as obras no início de 2023. Com uma previsão inicial de que seriam necessários ainda dois anos para o término da construção da fábrica. Então, a gente estima que este seja o prazo”, disse Verruck.
Com isso, a operação da planta é esperada para 2025.
A fábrica, localizada em Três Lagoas, começou a ser construída em 2011. Quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões. A unidade foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural para fazer a separação e transformar em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.
Quando as obras foram paralisadas, em dezembro de 2014, a estrutura da indústria estava 81% concluída. Em levantamento realizado em 2018, o Estado projetava que seria necessário, no mínimo, um investimento de R$ 1 bilhão para a conclusão da obra. Na conversão para dólar (moeda utilizada em grandes negociações, principalmente quando há interesse internacional), à época, a moeda americana era cotada a R$ 3,61, o que daria US$ 277,008 milhões.
O mesmo valor hoje, com o dólar a R$ 5,25, ficaria em torno de R$ 1,454 bilhão, sem contar os prejuízos com a deterioração da parte já construída da fábrica.
AGROPECUÁRIA
Com a soja e o milho sendo os dois principais produtos do agronegócio sul-mato-grossense, iniciativas de processamento dessas matérias-primas também compõem a base de investimentos futuros.
Neste setor, três investimentos estão previstos: uma usina processadora de etanol de milho da Impasa; uma esmagadora de grãos de soja em Naviraí, com capacidade de processar 3 milhões de toneladas de soja até 2025, previsto pela Copasul; e uma usina produtora de etanol a partir do milho, com demanda de 1,2 milhão de toneladas de milho.
Juntas, as três fábricas preveem investimentos de quase R$ 4 bilhões.
Outro produto com produção forte no Estado é a cana-de-açúcar. Uma das principais culturas há pelo menos 20 anos, MS já possui 18 usinas sucroenergéticas em operação, segundo informações da Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul).
Ainda está prevista a implantação da usina Cedro, com investimentos de R$ 400 milhões. A estimativa é de geração de 1,2 mil empregos diretos e indiretos e capacidade de processamento de 1,2 milhão de toneladas de cana, com previsão de atingir 5 milhões de toneladas em três anos.
“Apesar de as condições climáticas serem desafiadoras para a cultura da cana no Estado, as empresas do setor têm buscado alternativas para manter constantes investimentos que fortaleçam suas operações e continuem gerando emprego de qualidade e contribuindo para o desenvolvimento do Estado”, afirma o presidente do Conselho da Biosul, Amaury Pekelman.
No processamento de proteínas, foi anunciada recentemente a expansão do frigorífico Aurora. Investimento previsto de R$ 300 milhões em São Gabriel do Oeste deve aumentar a capacidade de abate de 3.200 para 5.200 cabeças de suínos por dia.
Ainda na suinocultura, está previsto investimento de R$ 1 bilhão na expansão da planta da Seara em Dourados. Além de R$ 800 milhões em incentivos para a produção de suínos.
A empresa espera saltar de 5 mil para 10 mil cabeças abatidas por dia e gerar mais dois mil empregos diretos.
Também deve ser expandido o laticínio Maná, em Glória de Dourados, com um investimento de cerca de R$ 33 milhões e expectativa de gerar 100 empregos diretos.
A Cooperativa Agrícola de Mato Grosso do Sul (Copasul) prevê, ainda, a construção de uma fecularia de mandioca em Batayporã até 2025.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.