O Brasil possui 192 herbários, ou seja, uma coleção de espécies vegetais que contém, além das plantas, informações como seu nicho ecológico e morfologia.
Mato Grosso do Sul abriga um desses espaços, que contém 7 mil espécies vegetais disponíveis.
Está localizado na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e faz parte da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais.
As espécies estão disponíveis para atender atividades de pesquisa científica na graduação e pós-graduação, tanto da universidade quanto de outras instituições.
A coleta e armazenamento passa por alguns processos. Depois que as amostras são prensadas e secas e recebem a devida identificação, são chamadas de exsicatas.
Esse trabalho é extremamente importante para se conhecer a biodiversidade vegetal de um determinado ecossistema para que, a partir disso, diversas medidas sejam tomadas para proteção e conservação da flora.
De acordo com o curador do Herbário, Augusto Giaretta de Oliveira, essas coletâneas ajudam, ainda, a entender o impacto das mudanças climáticas.
E, tendo em vista que armazena coletas independentemente do tempo em que foram realizadas, um herbário também é fonte histórica.
“É possível estimar, por exemplo, qual era a composição florística de áreas hoje ocupadas apenas por zonas urbanas, pastagens ou plantações. Além disso, os dados trazem informações valiosas como o uso medicinal de algumas plantas. E é impossível não associar plantas medicinais com comunidades tradicionais, portanto, a história e a cultura dessas comunidades transparece por meio dos nomes populares, das lendas associadas a algumas plantas e também do uso, seja alimentar ou medicinal”, enfatiza o pesquisador.
PESQUISA
De acordo com um levantamento feito com 139 coleções científicas de amostras de plantas, publicado em abril de 2020 na revista Acta Botanica Brasilica, as universidades federais abrigam 40,28% dos herbários brasileiros.
UFGD entra nessa conta com amostras do Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Amazônia e até de outros países, como Guiana Francesa.
Augusto explica, ainda, que a coletânea da universidade abriga 51 espécies ameaçadas de extinção, como Cedro (Cedrela fissilis), Guatambu (Aspidosperma parvifolium), Catuaba (Anemopaegma arvense), Jequitibá-rosa (Cariniana legalis) e Bicuíba (Virola bicuhyba).
O herbário da UFGD é parte do Museu da Biodiversidade (MuBio), cadastrado junto à Rede Brasileira de Herbários e indexado no Index Herbariorum, que é uma base de dados internacional.
A coleção pode ser consultada pela internet, por meio do site do SpeciesLink utilizando o acrônimo “DDMS”, que é uma plataforma que concentra informações de todos os herbários brasileiros e alguns do exterior.
Por enquanto, é possível acessar os registros escritos e as coordenadas das ocorrências de cada exsicata, podendo criar mapas. Em breve o catálogo será digitalizado e será possível visualizar também as imagens de cada exemplar.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.