Diretor-presidente da Anac apontou que Corumbá e Ponta Porã devem ter benefícios futuros com concessão em bloco
Os aeroportos de Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã passarão a ser administrados pela maior operadora de terminais aeroportuários do mundo.
No Brasil, a Aena Desarrollo Internacional já atua no Nordeste desde 2019 em seis terminais e arrematou o bloco SP-MS-PA-MG por R$ 2,45 bilhões em leilão realizado na tarde de ontem na sede da B3, em São Paulo.
Neste pacote está incluído o Aeroporto de Congonhas, o segundo maior do País, além de outros 10 terminais. A previsão de investimento total é de R$ 5,8 bilhões para o período de 30 anos de concessão.
Dados da empresa apontam que no mês de julho ela obteve recuperação de 92% na comparação com dados de 2019, ou seja, antes da pandemia.
A Aena transportou 27 milhões de passageiros, operando mais de 230,5 mil aeronaves e 79,9 mil toneladas de mercadorias. No acumulado entre janeiro e julho de 2022, a recuperação de tráfego de passageiros alcançou 83,9%, comparado ao período pré-pandemia de 2019.
Em comunicado oficial para o mercado, o grupo divulgou que vai passar a operar 12% do tráfego aéreo brasileiro com a nova aquisição (aeroportos de Santarém-PA, Marabá-PA, Carajás-PA, Altamira-PA, Uberlândia-MG, Uberaba-MG e Montes Claros-MG). Só Congonhas corresponde a 85% do total de movimentação informado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A Aena ainda divulgou que será criada uma nova empresa para administrar o bloco em rede e a assinatura de contrato de concessão está prevista para acontecer em fevereiro de 2023.
“Os 11 aeroportos brasileiros adquiridos se unem aos seis aeroportos do Grupo Nordeste de Brasil que Aena gere desde o ano de 2020, depois de ser vencedora, em 15 de março de 2019”, informou a nota de mercado.
ATUAÇÃO DE REDE
Durante coletiva de imprensa realizada em São Paulo, após os lances terem sido consolidados, a diretora da Aena Internacional, Marian Rubia, confirmou que o projeto para os novos aeroportos é uma atuação em rede, tal qual a empresa atua fora do Brasil.
“É um dia realmente muito especial. Chegamos no Brasil em 2019 e estamos agora, em 2022, com uma enorme presença e interesse em contribuir com o desenvolvimento no País em termos de estruturas aeroportuárias. A Aena opera os aeroportos em rede. Temos 46 aeroportos na Espanha, dois heliportos e estamos acostumados e sabemos operar grandes redes de aeroportos”, afirmou.
Com essa declaração, os terminais de Mato Grosso do Sul podem passar a ter uma interligação que atualmente não existe. Em Campo Grande, já existem voos que vão para São Paulo, tanto em Congonhas como em Guarulhos; além de ligar a destinos como Várzea Grande (MT), Campinas (Viracopos) e Brasília. Não existe a opção, ainda, para destinos como em Minas Gerais e para a região Norte do Brasil, muito menos o Nordeste.
NOVAS POSSIBILIDADES
No interior do Estado, há uma possibilidade maior ainda de ampliação dos trechos. No Aeroporto Internacional de Corumbá, por exemplo, só existe um voo para Campo Grande, aos sábados, e opção para Campinas, passando por Bonito.
Ponta Porã tem menos interligação e só existe em operação voo para Viracopos.
Marian Rubia reconheceu que a atuação nesses aeroportos do interior vai envolver logística e organização complexas. O modelo que é executado na Espanha, porém, vai ser adaptado para a realidade brasileira ao longo do período de 30 anos de concessão, de acordo com previsão da empresa.
“Há uma complexidade enorme neste projeto que estudamos. Tivemos toda a equipe trabalhando nesse estudo. Dentro de uma visão estratégica do grupo, o Brasil é muito importante para gente. Estudamos esse projeto com o máximo rigor e podemos cumprir com todos os contratos que são requeridos”, explicou.
O diretor-presidente da Anac, Juliano Noman, disse na coletiva que a proposta de trabalho em rede para a concessão vai viabilizar novas perspectivas para os aeroportos de Corumbá e Ponta Porã.
“O objetivo do Estado é potencializar o serviço público que vai ser prestado. A opção em fazer a concessão por blocos foi acertada porque não conseguiríamos fazer concessão de aeroportos com VPL [Valor Presente Líquido] negativo, como é o caso de Ponta Porã, de Corumbá. Nessa busca por interiorizar a infraestrutura, o modelo de blocos permite [o investimento]. Pegamos o VPL positivo do Aeroporto de Congonhas e fomos desidratando para os outros aeroportos e fazer isso como uma rede”.
Cidade com o título de Capital do Pantanal, Corumbá ainda não tem acessos facilitados para turistas como ocorre em Bonito. Nos primeiros seis meses deste ano, 29.852 pessoas visitaram a cidade, conforme dados da Fundação de Turismo do Pantanal.
O modelo de atuação em rede nos aeroportos gerou para a cidade uma oportunidade. De acordo com a diretora-presidente da Fundação, Elisângela Oliva, a autarquia busca costurar encontro com a Aena para tratar do tema.
“Acompanhamos as tratativas, o leilão e, com certeza, a prefeitura vai entrar em contato com o grupo, e a gente pretende ampliar os voos e, talvez, trazer mais uma empresa para operar aqui. A ligação com Congonhas gera essa situação”, comentou.
R$ 2,45 bilhões
Aena Desarrollo Internacional arrematou o lote de 11 aeroportos no País por R$ 2,45 bilhões. A concessão engloba terminais em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pará e Minas Gerais.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.