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Indígenas querem  lançar entidade para defender interesses estudantis

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Palmas (TO) - Indígenas brasileiros fazem cursos de informática na "Oca Digital" durante os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.( Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Indígenas vão lançar união estudantil para representar 75 mil universitários

Estudantes indígenas do ensino superior de todo o país se reúnem nesta semana para discutir representatividade no espaço universitário. Com expectativa de reunir pelo menos 2.000 alunos e convidados como Sonia Guajajara e Alok, proposta é lançar entidade para defender interesses estudantis.

A 9ª edição do Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (Enei) acontece de 26 a 29 de julho na Universidade Estadual de Campinas (SP). No último dia, um evento paralelo dentro da programação lançará a pedra fundamental para a criação da União Plurinacional de Estudantes Indígenas, a Upeindígenas.

“A ideia é trazer a identidade do movimento indígena para o contexto acadêmico, com uma organização representativa que proponha e cobre espaços na educação superior”, diz Arlindo Baré, estudante de Engenharia Elétrica da Unicamp e membro da comissão organizadora do Enei.

Mais de 57 mil estudantes indígenas cursavam o ensino superior no país em 2018, segundo dados do Ministério da Educação. De acordo com a comissão, o número chegou a 75 mil em 2020 -crescimento acentuado considerando que em 2007 eram 7.000 alunos.

A inspiração para o movimento surgiu do conceito de bem viver, desenvolvido por povos indígenas andinos de países como Bolívia e Equador.

“A constituição brasileira não reconhece nossa diversidade cultural, por isso defendemos o conceito de plurinacionalidade e queremos trazer este debate para o país por meio da educação”, afirma Arlindo Baré.

A expectativa é de eleger a diretoria executiva da Upeindígenas, com mandato de três anos, e aprovar a plataforma política da entidade que representará universitários de todo o país. Uma chapa está concorrendo ao pleito.

Programação do Enei Oficinas, debates, simpósios temáticos, atividades culturais e formativas integram a programação do encontro, que reúne indigenistas, intelectuais, ativistas e artistas indígenas.

Estão confirmados os ativistas Sonia Guajajara e Edson Kayapó, o escritor Daniel Munduruku e o líder indígena Almir Suruí. Ailton Krenak fará uma participação por vídeo.

Na quinta-feira (28), às 16h, Alok participa da roda de conversa “Ancestrais do futuro” com Arlindo Baré, a ativista Célia Xakriabá e o grupo de rap Brô MC’s. O DJ lança em breve um documentário que se apoia em encontros e parcerias musicais com povos originários.

“A juventude indígena é de uma riqueza criativa assombrosa e a música de seus povos é a expressão de uma ancestralidade que irá reverberar por todo o futuro da humanidade”, diz Alok.

O Enei debaterá temas como o marco temporal das terras indígenas, políticas públicas no ensino superior, protagonismo feminino, literatura e sustentabilidade.

Segundo a comissão organizadora, “é um momento especial para formação política, intelectual e espiritual dos estudantes indígenas de nível superior.”

Os ingressos para participação estão esgotados. Haverá transmissão do evento pela TV Unicamp, Rádio Yandê, Mídia India, TV Pataxó e pelas páginas do Instituto Alok e do Enei nas redes sociais.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.