Somente a chegada de duas gigantes da celulose ampliará a riqueza de Mato Grosso do Sul em mais de R$ 10 bilhões
Com os dois maiores investimentos em indústrias projetados até o fim desta década, Mato Grosso do Sul vai ampliar o Produto Interno Bruto (PIB) em 10% nos próximos anos. As duas plantas do setor florestal estão localizadas na região leste do Estado, sendo uma em Ribas do Rio Pardo e outra em Inocência.
De acordo com o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019, a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo Estado foi de R$ 106,9 bilhões naquele ano. Um incremento de 10% representa crescimento de R$ 10,6 bilhões até o fim da década.
“Este investimento aqui em Mato Grosso do Sul vai significar um crescimento do PIB do Estado superior a 5% nos próximos anos, o que coloca MS na dianteira do desenvolvimento nacional”, disse o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) durante o anúncio da fábrica que será construída pela Arauco em Inocência.
Em entrevista concedida ao Correio do Estado no ano passado, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, afirmou que a indústria da Suzano, que está sendo construída em Ribas do Rio Pardo, sozinha faria o mesmo.
“O impacto estimado é de 5,6% no crescimento do PIB do Estado”, ressaltou.
Os dois empreendimentos juntos vão investir mais de R$ 34 bilhões nas indústrias. Entre empregos diretos e indiretos são mais de 25 mil contando a fase de construção.
Segundo o secretário, um dos caminhos para desenvolver Mato Grosso do Sul era fomentar projetos estruturantes.
“Estabelecemos como uma das diretrizes estruturar Mato Grosso do Sul por meio do planejamento. Dentro disso, conseguimos estabelecer um rumo para o Estado. Fizemos isso com diversificação, agroindustrialização e aumento das nossas exportações com diversificação também dos mercados internacionais”, disse Verruck.
CERRADO
O projeto Cerrado, da Suzano Papel e Celulose, é o maior canteiro de obras em operação no País. Com investimentos de R$ 19 bilhões, a fábrica localizada em Ribas do Rio Pardo, distante 102 km de Campo Grande, começou a ser construída em 2021.
A indústria terá a capacidade de produzir 2,55 milhões de toneladas por ano e investimento total de R$ 19,3 bilhões. Conforme o grupo, serão 3 mil empregos diretos e indiretos quando a indústria estiver em operação e outros 10 mil durante a fase de construção.
As obras foram iniciadas em 2021 e a projeção é de que a planta entre em operação em 2024.
A cidade sul-mato-grossense escolhida como sede da megaindústria tem apenas 25.310 habitantes, conforme estimativa do IBGE.
O prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo Danieze (Psol), explicou ao Correio do Estado que acredita na expansão da cidade e principalmente na geração de empregos.
“Entre dezembro [deste ano] e fevereiro de 2023, teremos 10 mil trabalhadores diretos na construção da fábrica. Teremos [proporcionalmente] o maior crescimento de empregabilidade no Estado”, projeta.
O secretário estadual ainda confirma que o crescimento da cidade não será apenas na geração de empregos. “Não é só na indústria da Suzano, todo município está se modificando, há novidades todos os dias na cidade”, considera Verruck.
SUCURIÚ
Anunciado oficialmente no mês passado, o projeto Sucuriú, da multinacional chilena Arauco, será instalado na cidade de Inocência, a 331 km de Capital. Com investimentos orçados em R$ 15 bilhões (US$ 3 bilhões), a planta terá capacidade de processamento de 2,5 milhões de toneladas por ano, igualando-se à planta que é erguida em Ribas do Rio Pardo pela Suzano.
A construção da fábrica começará em 2024, e a indústria deve entrar em operação em 2028. Quanto à geração de empregos, serão cerca de 600 diretos e indiretos no início da operação e outros 12 mil na fase de obras. A cidade terá mais gente trabalhando no local do que o número de habitantes, que é de 7.566 conforme a última estimativa do IBGE.
O governador ressaltou que Mato Grosso do Sul vive uma valorização de ativos regionais.
“Com este empreendimento da Arauco, serão valorizadas as propriedades rurais, o comércio e toda a atividade econômica na região de Inocência, Cassilândia, Paranaíba, Água Clara e Três Lagoas. Todos esses municípios serão impactados positivamente”, finalizou Azambuja.
O prefeito do município de Inocência, Antônio Ângelo Garcia dos Santos (Toninho da Cofapi), comemorou a nova perspectiva. “Se hoje é conhecida como a Princesinha da Costa Leste, em breve será a Rainha da Costa Leste”, disse.
Para o doutor em economia Michel Constantino, o crescimento dessas cidades será expressivo.
“Isso vai triplicar o número de habitantes dessas cidades, gerar emprego e mudar o cenário produtivo de Mato Grosso do Sul”, resume.
CELULOSE
Conforme publicado na edição de 23 de junho do Correio do Estado, Mato Grosso do Sul se consolidará nesta década como a maior região produtora de celulose de mercado do mundo.
Em 2028, quando a planta da Arauco entrar em operação, o Estado estará produzindo pelo menos 10 milhões de toneladas de celulose por ano, a maioria para o mercado externo.
O Estado processa atualmente 5 milhões de toneladas de celulose por ano nas unidades da Suzano e Eldorado em Três Lagoas. Com as unidades da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, e da Arauco, em Inocência, MS se consolidará como a maior região produtora do mundo deste tipo de composto, que é cada vez mais usado na indústria.
Com relação à base florestal, Verruck destaca que Mato Grosso do Sul conta atualmente com 1,3 milhão de hectares cultivados.
“Só a demanda atual é de 542 mil hectares adicionais. Com o empreendimento da Arauco, este montante deve crescer mais, o que nos levará a uma área estimada em breve de 2 milhões de hectares e seremos o primeiro na produção florestal”, conclui.
25,6 mil empregos em MS
As duas megafábricas devem gerar 25,6 mil empregos diretos e indiretos.