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Violência contra a mulher aumenta em MS puxada pela Capital

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(Reprodução)
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Capital teve um crescimento de 233% nos casos de tentativa de feminicídio e também passou de zero para quatro mortes

Mato Grosso do Sul registrou um aumento de casos envolvendo violência contra a mulher nestes primeiros cinco meses, em comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado foi puxado por ocorrências em Campo Grande.  

Conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a Capital registrou um aumento de 233,3% nas tentativas de feminicídio, no recorte entre 1º de janeiro e 24 de maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2021.  

No ano passado, havia ocorrido apenas três casos no período; neste ano, já foram 10. No interior, apesar do aumento de feminicídios, que passaram de 23 para 32 casos, o crescimento foi muito menor, de 39,1%.  

Entre os casos de feminicídio, Campo Grande passou de nenhum caso registrado entre janeiro e maio do ano passado para quatro casos neste ano, um número quatro vezes maior, enquanto o interior registrou queda de 12%. 

No entanto, esses índices tendem a aumentar até o fim do mês em função novos casos, como o de Patrícia Serafim Benites, de 31 anos, que foi assassinada na sexta-feira– o principal suspeito é seu irmão Antônio Benites.  

Os casos de violência doméstica também aumentaram em Mato Grosso do Sul. No interior do Estado, foram notificados 4.920 casos no período, 9,1% a mais do que no ano passado, que registrou 4.508 ocorrências de violência. Em Campo Grande, o número de casos saltou de 2.337 para 2.833, representando um aumento de 21,2%.

De acordo com a psicóloga Izabelli Coleone, os altos índices de violência contra a mulher podem ser explicados pelo contexto social brasileiro.  

“A gente pode ver um contexto até mais social do nosso País, em que durante muitos anos foi desenvolvida uma hierarquia, querendo ou não, em que os homens acabavam tendo certo domínio em relação à mulher, tanto social quanto no quesito emocional. E a maioria dessas agressões coincide com o momento em que essa mulher decide dar voz ao que ela está sentindo”, explica a psicóloga.  

VIOLÊNCIA  

O Brasil registra altos índices de violência contra a mulher. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre março de 2020, início da pandemia da Covid-19, e dezembro de 2021, foram notificados 2.452 casos de feminicídio e 100.398 casos de estupro de vulnerável no País.  

Em 2021, a média brasileira foi de uma mulher vítima de feminicídio a cada sete horas.  

Mato Grosso do Sul encerrou o ano passado com 37 mulheres mortas, cinco a menos do que em 2020, quando foram 43 casos de feminicídio no Estado. Este ano, até o dia 24 de maio, foram 18 ocorrências.  

A psicóloga afirma que, ao pensar em comportamentos de uma pessoa agressora, pode-se analisar o contexto da criação e seu desenvolvimento na infância.  

“A gente hoje vê muitas incidências de crianças que adentram o consultório que não sabem lidar com a respectiva raiva, e a principal válvula de descarga desse comportamento tão raivoso vai nas pessoas da convivência, que muitas vezes são a mãe, as babás e as avós, essa imagem feminina”, comenta Izabelli.

CASO MAIS RECENTE

No caso mais recente na Capital, Antônio Benites é suspeito de matar a irmã Patrícia Benites. O feminicídio é o 19º do Estado, mas não foi contabilizado porque ocorreu após o recorte da reportagem. Segundo a polícia, Antônio teria sufocado a mulher até a morte na casa da vítima e na frente dos filhos dela, de 3 anos e 5 anos.

O homem já havia sido condenado a nove anos, um mês e 15 dias, por estupro e roubo. Estava cumprindo a pena em regime semiaberto, usando tornozeleira eletrônica.  

Antônio, segundo um especialista em psicologia clínica, foi diagnosticado com transtorno da personalidade antissocial durante avaliação em 2018. Segundo o laudo clínico, os indivíduos com esse tipo de transtorno demonstram pouco remorso pelas consequências de seus atos. 

Ele foi diagnosticado com psicopatia, cujas características mais marcantes correspondem à insensibilidade emocional, à imaturidade psíquica e à impulsividade.  

Antônio foi considerado, pelo psicólogo, inapto a cumprir uma pena mais branda em regime prisional e uma pessoa que oferecia risco à sociedade.  

No entanto, em razão do fato de apresentar ótima conduta e boa ficha disciplinar, seguiu para a pregressão de pena.  

Segundo a psicóloga Izabelli Coleone, o laudo psicológico é um documento importante que informa se o reeducando estaria disposto a ter de volta suas habilidades sociais.  

“Essa análise é feita por profissionais que vão aplicar uma bateria de testes de personalidade, testes relacionados a convivência e comportamento social, testes relacionados a apoio familiar e quem é essa família que apoiaria”, informa Coleone.  

O profissional responsável pelo laudo pode responder por sua avaliação caso ela seja positiva e a pessoa solta venha a cometer outro crime.

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Conteúdo retirado do Correio do Estado.