Com a alta do valor, vendas de botijões caíram cerca de 30%, diz presidente da Sinergás
Pesquisa mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o botijão de gás está custando, em média, R$ 120 reais, em Mato Grosso do Sul. O valor compromete cerca de 10% do salário mínimo, que atualmente está em R$ 1,212.
Os dados são dos preços levantados entre 22 e 28 de maio. Na Capital, o botijão está custando, em média, R$ 108,90. Em outras cidades como Coxim, a média é de R$ 124,17, em Corumbá e Três Lagoas, R$ 115, Dourados, R$ 117,59.
Segundo o presidente do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás Região Centro-Oeste (Sinergás), Zenildo Dias do Vale, a alta do preço do botijão tem afetado a comercialização e consumo das famílias. “As vendas de botijões caíram cerca de 30%”, afirmou.
Ele relata que, anteriormente, a venda média era de 40 botijões por dia. Atualmente, a média é de 16.
Para ele, existem vários fatores econômicos e sociais que influenciam em tal problema. Zenildo calcula que algumas pessoas provavelmente estão adotando o hábito de comer fora, em razão do alto custo de cozinhar em casa.
Entre outros fatores estão o aumento do índice de insegurança alimentar da população brasileira, que está comendo menos e, consequentemente, cozinhando menos. Em outros casos, existem pessoas recorrendo ao fogão à lenha ou álcool.
Pesquisa da FGV Social sobre insegurança alimentar no Brasil, publicada neste mês de maio, mostra que o índice de pessoas sem condições adequadas de alimentação aumentou para 36% em 2021. Em 2019, esse número era de 30%.
Conforme a pesquisa, o número mais recente de insegurança alimentar brasileira supera a média simples mundial.
Saiba
O preço do gás não afeta somente o consumo direto da população. Segundo o economista Fernando Abrão, o botijão de gás subiu mais de 50% no último ano.
“Isso vai impactar diretamente no orçamento das famílias, qualquer elevação desses bens de consumo primários, que não faltam na casa de ninguém, como água, luz, gás de cozinha e alimentação afetam”, explicou.
Além disso, há um problema em relação à correção dos salários que a população recebe.
“Aquele cidadão que recebe um salário mínimo, que não teve a mesma correção que o gás, vai ter que consumir mais parte do seu orçamento para cumprir este aumento”, disse.
O reflexo no bolso do cidadão acontece também de forma indireta. A exemplo dos demais combustíveis que tiveram aumento significativo.
“Todo mundo que utiliza o gás como insumo na sua produção, seja uma restaruante, seja uma indústria, também vai ter que repassar isso para os produtos, então tem um impacto direto no orçamento das famílias, em função do aumento do gás propriamente dito e do aumento indireto”, finalizou. Conteúdo retirado do Correio do Estado.