O presidente do MDB em MS disse que a candidatura de André Puccinelli ao governo é irreversível e que o ex-governador agrega eleitores de Lula e Bolsonaro
Presidente do diretório regional do MDB em Mato Grosso do Sul, ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi está entusiasmado com a pré-campanha do partido no Estado para as eleições de outubro.
Mochi diz que a população tem recebido bem os representantes do partido, sobretudo por causa do ex-governador André Puccinelli, que é pré-candidato ao cargo que ocupou por oito anos.
Sobre a exigência feita na semana passada pelo PSDB para que o MDB retirasse a candidatura de Puccinelli para que os tucanos apoiassem a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à Presidência da República, Mochi foi categórico: “Nós não apresentamos a candidatura do André para servir de moeda de troca”. Confira a entrevista do presidente do MDB ao Correio do Estado.
Oswaldo Mochi Junior – Perfil
Oswaldo Mochi Junior é advogado e começou sua carreira na política, na década de 1990, quando foi prefeito de Coxim por dois mandatos, entre 1997 e 2004.
Foi deputado estadual por três mandatos, de 2007 a 31 de janeiro de 2019. Nas eleições de 2018, concorreu a governador de Mato Grosso do Sul pelo MDB, partido pelo qual fez história na política. Nestas eleições, deve se candidatar novamente a deputado estadual.
O MDB, partido que sempre foi protagonista nas disputas eleitorais em Mato Grosso do Sul, parece estar trabalhando bastante neste período pré-eleitoral. Conte-nos como têm sido as viagens pelo Estado e as andanças na Capital neste período de pré-campanha. Quantos municípios já visitaram?
Nós estamos trabalhando muito neste período de pré-campanha. Estamos indo ao encontro das lideranças e da população, ouvindo, dialogando, falando das políticas públicas, nos apresentando, colhendo as principais demandas e reivindicações, que serão agregadas ao programa de governo que será apresentado à população.
Já corremos 40 municípios, e até meados de julho teremos visitado todos os 79 municípios, com esse intuito: nos apresentar como pré-candidatos, o André governador, os pré-candidatos a deputado federal, a deputado estadual. Ouvindo a população nos diversos segmentos.
A gente tem visitado a Associação Comercial, sindicatos rurais e patronais, Sinteds [sindicatos dos trabalhadores na Educação], Associação de Cabos e Soldados, temos feito reuniões com lideranças políticas e visitado a população e ouvindo dela o seu clamor maior.
E sobre a pré-campanha do ex-governador André Puccinelli, a candidatura dele é irreversível? Ou existe alguma forma de ele compor com algum político aliado?
A pré-candidatura do André hoje e a candidatura efetiva após a homologação da convenção, que ocorrerá em 5 de agosto, são irreversíveis, e consideradas indiscutíveis. Nós não apresentamos a candidatura do André para servir de moeda de troca, e muito menos para atender outros além da população de Mato Grosso do Sul, que em todas as pesquisas divulgadas até agora clama pela sua volta.
Como tem sido a recepção da população com o grupo do MDB, liderado por Puccinelli?
A recepção da população tem sido excelente e até mesmo emocionante. As pessoas nos acolhem com manifestações de respeito, carinho e reconhecimento pelo legado de quem faz, de quem cumpre o que fala e de quem busca resolver os seus problemas.
Em todos os 40 municípios que percorremos, fala-se da lembrança das entregas de mais de 70 mil casas, dos uniformes e kits escolares e da premiação para estímulo dos alunos, do diálogo franco e direto com todas as categorias de servidores, das patrulhas agrícolas para os assentamentos e aldeias, das estradas pavimentadas, das empresas que foram atraídas para o Estado no período e de tantas outras realizações que nos dão a convicção de que estamos no caminho certo.
E no momento oportuno apresentaremos um programa de governo moderno, ousado e visionário para o estado de Mato Grosso do Sul.
Acredita que nestas eleições a Câmara e a Assembleia terão grande renovação? Quais os motivos?
Acredito que haverá, sim, uma renovação nos quadros tanto da Câmara Federal quanto da Assembleia Legislativa, mas não será, a meu ver, superior a 50%, em razão principalmente de que a pandemia foi o tema central de discussão da população nos últimos dois anos. E ela afastou a política do tema central.
Com isso, a população, que agora retorna devagar após a pandemia, conviveu com informações, principalmente entre aqueles que ocupam o poder. Aqueles que estão fora tiveram menos chances de se tornarem conhecidos, de se apresentarem como candidatos. Por isso, entendo que haverá uma renovação, sim, mas que não será superior a 50% dos quadros que aí estão.
Como estão as tratativas para a escolha do vice da chapa de André Puccinelli e do candidato ao Senado? Existe a possibilidade de composição com mais partidos ou mesmo a negociação com outros pré-candidatos?
Estamos conversando, sim, com outros partidos para agregarmos à aliança já existente entre MDB e Solidariedade, e é natural abrirmos espaço na composição da chapa majoritária.
Por esta razão, os nomes daqueles que pretendem ocupar uma vaga, seja ela de senador, seja de vice-governador, deverão ser apresentados à população mais próximo da convenção do MDB, que ocorrerá em 5 de agosto. Por enquanto, só há especulações.
Para o próximo pleito, como estão os planos para as eleições proporcionais? Qual a meta para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa?
Para as próximas eleições, nós estamos com chapa completa para deputado federal, com nove candidatos, e estamos também com chapa completa para deputado estadual, com 25 candidatos, entre homens e mulheres.
A nossa expectativa é de elegermos dois deputados federais e cinco deputados estaduais. Esta é a nossa expectativa, e entendo que vamos alcançá-la.
E sobre a pré-candidatura de Simone Tebet à Presidência, como ela se encaixa nos arranjos políticos locais?
Sob a ótica do MDB aqui em Mato Grosso do Sul, a candidatura à Presidência da República da senadora Simone Tebet, se confirmada, em nada interferirá nos arranjos políticos locais.
Nós temos definido o André Puccinelli como pré-candidato ao governo do Estado, e o nosso foco é discutir os problemas e apresentar as soluções para um Mato Grosso do Sul maior e melhor, é assim que nós pautaremos a nossa campanha, e a população, assim como julga a nós, ao governador, vai julgar também as propostas para um Brasil maior e melhor.
Como o partido tem enxergado essa polarização no cenário nacional? Puccinelli consegue ter apoio nos dois polos – Lula e Bolsonaro?
Partido político existe para participar do processo eleitoral, e todos os partidos, obviamente, têm interesse, dentro das suas possibilidades e das suas realidades, de apresentar pré-candidatos a presidente da República, a vereador.
Neste caso, de presidente da República a deputado estadual. E nós temos hoje um processo que é polarizado entre o atual presidente da República e o ex-presidente Lula, e há partidos apresentando candidaturas como possibilidade de uma terceira via.
E quanto à candidatura do André como pré-candidato a governador, ela tem o apoio tanto de adeptos da candidatura do ex-presidente Lula quanto de adeptos do atual presidente, Jair Bolsonaro. E nós respeitamos cada um deles e cada opinião.
Até porque o nosso foco é defender um programa de governo consistente, que possa entregar à população de Mato Grosso do Sul algo que transforme o Estado, um programa moderno, um programa que contemple os principais anseios da população de MS, e este é o foco da nossa discussão. Conteúdo retirado do Correio do Estado.