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Rede pública de Campo Grande está com falta de antibióticos

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A situação deve permanecer até que haja um equilíbrio entre consumo e produção neste momento pós-pandemia

A crise da pandemia de coronavírus e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia têm interferido diretamente no sistema de saúde, que vive hoje a falta de medicamentos como amoxicilina e cefalexina, antibióticos indispensáveis no tratamento de infecções e doenças.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), de uma relação de 263 medicamentos ofertados em unidades de saúde de Campo Grande, cerca de 10% estão em falta, ou seja, pelo menos 26 medicamentos.

“A Sesau informa que a rede municipal de saúde se encontra com 90% do seu estoque abastecido. Existem algumas faltas pontuais, por razões diversas. Campo Grande aderiu ao chamamento realizado pelo Conselho da Secretaria de Estado de Saúde [SES], para conseguir a doação de antibióticos, entre eles amoxicilina e cefalexina”.  

Conforme o presidente do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF), Flávio Shinzato, entre os fatores que influenciaram este cenário vivido atualmente em Campo Grande e nas demais cidades do Estado destacam-se os conflitos desencadeados pela Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia na Europa.

“Fatores globais, como a guerra, a pandemia e a quebra de empresas que forneciam determinados tipos de princípios ativos, ocasionaram a escassez de alguns medicamentos essenciais”, afirmou.  

A escassez de medicamentos não atinge somente o sistema público, mas também o privado. Proprietário de unidades da drogaria Ultra Popular na Capital, Sidney Paulo Miyachiro disse à reportagem do Correio do Estado que seus estoques de amoxicilina e amoxicilina + clavulanato de potássio estão zerados, e a orientação que tem dado aos pacientes que têm a prescrição do medicamento é que busquem novamente o médico, para que seja feita uma substituição.  

“É uma falta nacional, essa falta preocupa, a indústria farmacêutica não nos diz quando a situação deve ser estabilizada. Estamos trabalhando com os medicamentos que temos e orientando que os consumidores passem pelo médico para que seja feita uma substituição de receita, se necessário. Outro fármaco em falta é a azitromicina”, relatou o empresário.  

Moradores do Bairro Jardim Colorado, que preferiram não se identificar, entraram em contato com a reportagem do Correio do Estado e relataram que já enfrentam dificuldades para encontrar medicamentos indicados para o tratamento de uma infecção nas vias respiratórias inferiores.

“Minha vizinha tem um filho de 8 anos e, com as chuvas e o frio, ele acabou ficando doente. Há pelo menos cinco dias ela tenta comprar amoxicilina e não consegue, como que faz? Uma criança vai ficar sem tratamento, para uma mãe, isso é desesperador”, desabafou a moradora. 

ALTA DEMANDA  

Shinzato explicou que a falta de alguns fármacos também está ligada à alta demanda registrada nos últimos dois anos.  

“Podemos afirmar que houve falta de medicamentos e insumos em virtude da demanda em crescimento com automedicação desenfreada. Outro fator que se destaca é o armazenamento por parte das pessoas em razão do pânico e uso indevido, como foi no caso da azitromicina, que inclusive ocasionou problemas no tratamento de doenças crônicas”, esclareceu.

De acordo com o presidente do CRF, a situação deve permanecer, refletindo-se cada dia mais na população. “Nós vamos passar por isso durante um certo período, até que haja o equilíbrio entre a produção do medicamento e o comércio”, disse.  

E completou, “por isso precisamos equacionar a população para que ela não faça automedicação, uso desnecessário e armazenamento do remédio”, finalizou.

DIPIRONA

Conforme noticiado pelo Correio do Estado em abril deste ano, um dos medicamentos mais básicos utilizados nas alas hospitalares, a dipirona monoidratada injetável 500 mg/ml estava em falta na Santa Casa de Campo Grande.

Por dia, o hospital manipula, em média, 1.100 ampolas da medicação de forma intravenosa. O fármaco é aplicado como analgésico, para tratar dores moderadas a intensas, e antitérmico, para baixar febres a partir de 38 graus.  

O desabastecimento é reflexo do cancelamento da fabricação do insumo feito pelo Laboratório Teuto Brasileiro, responsável por 50% da produção da mercadoria no Brasil. Em nota, a empresa anunciou, em fevereiro deste ano, que a decisão será por tempo indeterminado.  

A reportagem entrou em contato com o hospital para saber a atual situação do abastecimento do medicamento, e a informação é de que, em virtude do preço inflacionado, a dipirona está sendo comprada apenas conforme a demanda necessária. 

SAIBA

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o Brasil produz, atualmente, apenas 5% dos ingredientes necessários para a produção de medicamentos. Conteúdo retirado do Correio do Estado.