Matriz econômica de Mato Grosso do Sul está gradativamente se tornando mais agroindustrial
Nos últimos cinco anos, o perfil exportador de Mato Grosso do Sul tem mudado gradativamente.
O Estado é um dos principais produtores de grãos do País, com safras de soja e milho cada vez maiores, e o número que chama atenção atualmente é o de produtos processados derivados dessas commodities.
Exportações antes inexpressivas passaram a dar maior força para o comércio exterior. No período de dois anos, MS triplicou a exportação de farelo e óleo de soja.
Levantamento feito pelo Correio do Estado junto do sistema de Comércio Exterior do Ministério da Economia mostra que, em 2022, Mato Grosso do Sul exportou 50 mil toneladas líquidas de óleo de soja no primeiro quadrimestre. Isto é, 5.562%, ou 56 vezes, a mais do que as 884 toneladas exportadas no mesmo período de 2018.
Não tão forte, mas com crescimento expressivo também, o farelo de soja cresceu 238% na quantidade exportada em cinco anos. Nos primeiros quatro meses de 2018, o Estado exportou 121.932 toneladas, ante 412.702 toneladas no quadrimestre de 2022.
Esses números são tão fortes que, se comparados com a quantidade exportada de grãos, é possível notar que há, sim, uma mudança no perfil econômico da agricultura do Estado. A quantidade de grãos exportada aumentou 27,66% no comparativo, saindo de 532 mil toneladas em 2018 para 679 mil no primeiro quadrimestre de 2022.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, a soja em grão ainda é o principal produto de exportação.
“Nosso objetivo sempre tem sido como estratégia de desenvolvimento a famosa frase de agregação de valor ao produto. Ou seja, transformação. É muito claro que a linha de desenvolvimento do Estado é a agroindustrialização. MS será competitivo assim como acontece na soja e nas proteínas, ninguém transforma a soja em proteína animal, a gente transforma em farelo e esse farelo gera proteína animal”, comenta.
PESQUISA
Durante os cinco anos da pesquisa, o Estado só notou queda na produção de grãos em 2021. Com quebras na safra de soja, a quantidade de grãos exportados no primeiro quadrimestre apresentou queda de 26,08% em comparação com o mesmo período de 2020, saindo de 906.673 toneladas para 670.147 no ano seguinte.
A queda permaneceu no quadrimestre de 2022, no qual a variação foi pequena se comparada com o último ano. MS exportou de janeiro a abril 679.661 toneladas de grãos, bem abaixo ainda do resultado de 2020.
Nesses dois anos, os agricultores do Estado sofreram com duas quebras da produção em razão de secas e geadas constantes, motivadas pelo fenômeno meteorológico La Niña, que causa o resfriamento das águas do Pacífico.
No entanto, mesmo com as quebras e a diminuição na produção e exportação de grãos, nestes dois últimos anos, a quantidade de óleo de soja produzido aumentou 249%, saindo de 14.373 toneladas líquidas para a marca de 50.215 toneladas.
Já a produção do farelo de soja e similares sofreu uma redução de quase 100 mil toneladas de 2020 para 2021, mas voltou a crescer este ano e superou as 332.576 toneladas daquele ano. Em 2022, o primeiro quadrimestre terminou com produção de 412.702 toneladas do composto.
Presidente da Associação de Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi diz que, além da questão do dólar valorizado, a qualidade dos produtos que o Estado tem colocado à disposição no mercado atesta para o aumento nas exportações nos últimos anos.
Apesar de algumas perdas sequenciais, por questões climáticas, nos últimos dois anos, a qualidade do que temos colocado no mercado segue sendo destaque. Isso se deve muito ao empenho do agricultor, mas também aos insumos que ele tem empregado para cultivar a soja ou o milho. A qualidade desses insumos tem avançado, desde as sementes até os fertilizantes.
“Em nosso último levantamento, constatamos que a qualidade dos fertilizantes utilizados na safra 2021/2022 é 11% superior à do ciclo anterior”, revela Dobashi.
MUDANÇA DO PERFIL
Para o doutor em Economia Michel Constantino, a matriz econômica de MS vem mudando nos últimos sete anos, além de agregar valor com a soja, houve mudanças mais profundas.
“Na produção de celulose, o Estado tornou-se o maior exportador do mundo. Com a maior atração de investimentos privados do País nesse setor. Em relação à tilápia, o Estado teve crescimento exponencial da produção e das exportações. Por fim, temos ainda produção de borracha, outro produto que vem crescendo exponencialmente no Estado”, analisa.
De acordo com dados da Semagro, a soja, sozinha, respondeu por 39,97% do valor total exportado por Mato Grosso do Sul no primeiro quadrimestre, aumento considerável (+32%) em relação ao volume apurado com a venda do produto no mesmo período do ano passado.
No segundo lugar da pauta aparece a celulose, com 17,51% de participação, representando diminuição de 5,16% em termos de valores, se comparado com a soma atingida com a venda desse produto entre janeiro e abril do ano passado. Já em termos de volume, houve aumento de 1,15%.
Conforme a oitava estimativa da safra de grãos 2021/2022, divulgada no começo de maio pela Companhia de Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos no País está estimada em 270,2 milhões de toneladas.
Em MS, conforme a Conab, a safra deve chegar a 20,7 milhões de toneladas, 9,1% a mais do que a safra anterior (de 18,9 milhões de toneladas).
Conteúdo retirado do Correio do Estado.